Peças do escultor Amílcar de Castro ganham mostra no Rio

O Brasil conhece Amilcar de Castro (1920-2002) por suas esculturas geométricas em aço e ferro recortados e expostas ao ar livre. Já a galerista Silvia Cintra, representante do artista mineiro no Rio e sua amiga e marchand por 30 anos, é íntima não só de suas obras em grandes dimensões, mas também das peças menores em madeira e dos desenhos guardados no antigo ateliê dele, em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde hoje fica o Instituto Amilcar de Castro.

São itens raros de uma produção de cinco décadas que ela selecionou para montar uma exposição em sua galeria, na Gávea. A mostra abriu no feriado do dia 15. Desde então, têm feito sucesso entre os compradores os blocos de madeira maciça e talhadas, de braúna, ipê preto, maçaranduba e gombeira, vendidos a R$ 100 mil. Eram xodós de Amilcar, segundo Silvia.

Os desenhos sobre tela das séries Linhas e Envelope – Amilcar não gostava de chamar de pintura; dizia que pintor era Matisse, que pensava o mundo através das cores – são dos anos 90. Derivam-se de estudos em papel e remetem a seus desenhos do período neoconcreto, do fim dos anos 50, quando, em companhia de Ferreira Gullar, Hélio Oiticica, Franz Weissmann, Lygia Clark e Lygia Pape, ele lançou as bases do movimento que defendia o caráter individual da arte e a autonomia da obra em relação ao meio técnico de que se utiliza. “A sensibilidade funda tudo”, diria Amilcar.

Uma tela grande de frente para a porta da galeria explora os vazios das formas. O acrílico branco e vermelho nem Silvia conhecia. “Queria trazer o Amilcar pouco conhecido e mostrar várias vertentes que ele ensaiou. Tenho obrigação de manter viva sua memória. Se hoje o Brasil é reconhecido mundialmente por suas esculturas, deve-se muito a ele. Os jovens escultores têm no Amilcar um ídolo”, acredita a galerista, que no ano que vem estará envolvida, junto com o Instituto, numa grande retrospectiva, nos museus de arte moderna no Rio e de São Paulo.

AMILCAR DE CASTRO – Galeria Silvia Cintra + Box 4. R. das Acácias, 104, Rio de Janeiro, (21) 2521-0426. 2ª a 6ª, 10 h/19 h; sáb., 12 h/ 19h. Até 20/12.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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