Em 1989, o diretor americano Steven Soderbergh causou barulho com o filme “Sexo, Mentiras e Videotape”. O roteiro chegou a ser indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro. Vinte anos depois, aquele olhar cínico e sem concessões sobre o sexo e as relações humanas volta à cena em “Play”, que estreia hoje no Teatro Nair Bello, em São Paulo. Será que a atualidade do texto permanece após duas décadas?
“As discussões permanecem absolutamente contemporâneas”, afirma a atriz Maria Maya, que estrela e produz o espetáculo. Ela conta que a ideia de montar o roteiro do filme foi sugerida por Ivan Sugahara, diretor da peça, quando ela procurava textos. “Isso se somou a um desejo que eu tinha de trabalhar com novos dramaturgos cariocas”, conta Maria.
Daí veio o convite para Rodrigo Nogueira, que escreveu “Play” inspirado na obra de Soderbergh, a que nunca tinha assistido até então. “O resultado não foi uma adaptação nem uma peça baseada no filme, mas sim um texto sobre o filme”, diz Maria.
A estrutura básica do roteiro permanece na peça: Sérgio (Rodrigo Nogueira), um homem insatisfeito com seu casamento morno e desapaixonado com Ana (Daniela Galli), entrega-se a um tórrido caso com sua jovem e sensual cunhada Cíntia (Maria Maya).
A ‘estabilidade’ desse triângulo amoroso é abalada com a chegada de um velho amigo de Sérgio, César (Sérgio Marone), que na peça é um famoso artista às voltas com um misterioso projeto: filmar mulheres falando sobre suas intimidades e, sobretudo, sexo.
O quanto do filme há na peça, afinal? “Fomos fiéis ao argumento”, avalia Maria. “Avançamos a partir de determinados pontos para criar uma nova obra e para levantar questões mais afinadas com o que queríamos dizer.” Maria também está em cartaz na cidade com outro espetáculo, “A Loba de Ray-Ban”, em que contracena com Christiane Torloni.