Tudo começou 10 anos atrás, com um ainda jovem ator, Diego Duda, fazendo uma peça com o diretor Laercio Ruffa. Na ocasião, Diego recebeu do diretor uma edição de O Apanhador no Campo de Centeio, de J.D. Salinger, para embasar o trabalho. Tempos depois, em 2009, por um acaso, Diego e Laercio se reencontram e decidem não apenas que devem fazer algo juntos, mas que deveriam usar a obra de Salinger como ponto de partida. Daí nasceu o monólogo Nada a Dizer.

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A vontade dos dois foi parar nas mãos do dramaturgo Marcos Damaceno, que ficou responsável pelo texto. Com a equipe criativa já escalada e afinada, entrou em cena o produtor Thadeu Perrone, que ficou responsável por garantir o apoio do Banco do Brasil, viabilizador financeiro do projeto.

Do texto de Salinger Damaceno trouxe a oralidade e o universo confuso da adolescência. A narrativa é fragmentada, com o personagem central recordando toda a polifonia de sua adolescência. Ao mesmo tempo em que se ouve a sua voz, acuada diante de todas as decisões e possibilidades que existem pela frente, ouve-se também a voz de outras figuras importantes para a sua formação.

De posse do texto, coube a Diego e Laercio, ao lado da diretora de movimento Mônica Infante e da preparadora vocal Cida Stier, desenvolver o que viria a ser a peça. Monólogos, em geral, entregam todo um universo ao público. Mas a ideia em Nada a Dizer é seguir o caminho oposto, buscando algo próximo de uma não-interpretação. “Neste trabalho, a interpretação e o texto são trabalhados para o ator ser mais um elemento, e não o elemento principal”, disse Diego, que é complementado por Laercio: “Claro que nos interessa a bagagem do ator, mas não nos interessa o ator pronto, uma bagagem pronta.”

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Diego reforça a ideia de que a peça é sobre adolescentes e não necessariamente para adolescentes. “As vezes o teatro infantil é até mais maduro que o teatro para adolescentes e já estava passando da hora o mundo da arte começar a representar esse universo de forma inteligente”, comenta Diego. Além disso, não existe uma linguagem estabelecida sobre ou para a adolescência, ao contrário do que acontece no teatro adulto ou infantil, o que aumenta o desafio da montagem.

“Diego é um ator inteligente e perspicaz e fazer um monólogo é uma coragem que a gente só costuma ver em atores mais velhos do que ele”, disse Laercio, reforçando as qualidades do seu ator. Mas reforça a questão de confiança que precisa haver entre a equipe para que um trabalho ousado como esse funcione.

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Além disso, como o projeto de Nada a Dizer foi aprovado pela Fundação Cultural, eles resolveram incorporar a contrapartida social ao projeto: uma oficina de redação e teatro com jovens da periferia de Curitiba. O material  produzido foi incorporado por Damaceno  no texto. Além disso, os jovens da oficina poderão assistir a peça gratuitamente em uma sessão exclusiva.

Serviço:

Nada a Dizer
Teatro José Maria Santos
De 04/10/2012 até 04/11/2012.
Quinta a sábado 20 h. Domingo 19h.
Inteira R$ 10, meia, R$ 5. Quintas, R$ 2, 1kg de alimento ou 1 livro não didático.