A Companhia Brasileira de Teatro retorna aos palcos com uma nova montagem de um texto inédito no País, Apenas o fim do mundo, do autor francês Jean-Luc Lagarce. A encenação terá duas curtas temporadas em Curitiba: de 16 a 25 de junho, no Teatro José Maria Santos; e desde ontem até o dia 23 de julho, no Teatro HSBC. Dirigida por Marcio Abreu, traz no elenco: Ranieri Gonzalez, Simone Spoladore, Christiane de Macedo, Giovana Soar e Rodrigo Ferrarini.
Utilizando um caminho que descarta fórmulas seguras e opta por uma intensa pesquisa e preparação preliminar às montagens, este trabalho integra o caminho evolutivo da Companhia Brasileira de Teatro. ?A mola mestra do trabalho é a pesquisa contínua?, explica o diretor Marcio Abreu. ?Ao escolhermos montar Apenas o fim do mundo, buscamos não só falar daqueles temas que o texto trata ausência, morte, amor, desamor, o que não foi dito, mas principalmente uma maneira diferente de contar e desenvolver estes temas?.
O argumento da montagem é bastante simples. Um homem, ausente há bastante tempo, retorna à casa da família para dar a notícia de sua morte próxima. Trata-se de um condenado pela doença, que durante a visita vai resgatando na memória todas as fases da descoberta, desde o choque inicial até a aceitação da ?sentença?. Luiz, o protagonista, escolhe um domingo para fazer a revelação. Retorna da missão, contudo, sem ter conseguido dizer nada.
A forma como a peça vai sendo construída é por si só um tema no espetáculo. Interessa à Companhia Brasileira de Teatro, desde o início, tratar a linguagem como conteúdo. ?Partimos fundamentalmente do texto. Neste trabalho, a palavra revela a fala insistente e reiterada de pessoas tentando se fazer entender, tentando dizer o que não foi dito?, explica Abreu. ?Propomos caminhos que abram outras possibilidades de comunicação?. O cenário é indicado pelos elementos cênicos. No palco, a atenção volta-se principalmente para os atores e a palavra. A trilha sonora é tocada ao vivo, no piano, por Edith de Camargo. Apesar de não ser autobiográfica, a obra tem paralelo com a vida do próprio Lagarce. Ele escreveu a peça logo após descobrir que tinha aids, e morreu em 1995, aos 38 anos de idade. O texto ficou muito tempo engavetado e só ganhou os palcos após sua morte. Autor de poucos textos, Lagarce é hoje o autor francês contemporâneo mais montado na França.