Se você pudesse mudar o seu destino o que você faria? Essa é a questão principal da peça "Colecionador de Destinos" que acontece a partir desta quarta-feira (17), no Museu Ferroviário de Curitiba. Dirigida pelo ator, cantor, bailarino e premiado diretor de teatro Maurício Vogue, o espetáculo traz a amplitude do tema destino como fio condutor de encenações intimistas e interativas. O público espectador integrará cada apresentação e terá papel crucial no fechamento da obra, enriquecida com efeitos audiovisuais e com a dança contemporânea. As apresentações ocorrem de quarta a sábado, às 20h30, e aos domingos, às 19h e permanece em cartaz até 25 de novembro.
A construção do texto foi feita pelo diretor em conjunto com os atores. "Todos colocaram um pouco de seus anseios e desejos sobre a temática", explica Vogue. As idéias chegaram a um ponto comum: o otimismo. "Por mais que sentimos que não somos donos de nosso futuro, sempre pensamos em algo bom". A temática existencialista é recorrente no trabalho do diretor. "Nessa peça eu quero fazer o público pensar individualmente sobre o que ele fez até agora, o que deixou de fazer e o que prometeu realizar", comenta.
"Colecionador de Destinos" é desenvolvida por três atores – Gabriel Servat, Inés Guttierrez e Samir El Halab – que se desdobram em personagens distintas, trazendo as angústias humanas no encontro entre o passado e o futuro, na não aceitação do presente e nas limitações ocasionadas por diversas frustrações. Gabriel Servat, ator prodígio de apenas 12 anos, marca a presença infantil em duas cenas. Em uma delas, ele é uma criança que se depara com ela mesma, mas agora na fase adulta. "O menino queria ser astronauta, ter um cachorro e se casar, mas o homem que ele se tornou acabou deixando de lado os sonhos de garoto", explica o jovem artista. Em outro ato, Servat veste a carapuça daquele que intitula o espetáculo. "O colecionador de destinos é uma criança que observa os destinos das outras pessoas e dá conselhos, pois ainda não teve a oportunidade de crescer".
As nuances da personalidade feminina diante da vida que lhe é proposta ganham fôlego na interpretação de Inés Gutierrez. "Ela (personagem) ri e chora compulsivamente. Vai do estado de euforia para a tristeza e a sensualidade, sem conseguir lidar com os sentimentos que vem em avalanche", diz a atriz. Variações que atingem todas as pessoas, mas, na opinião de Gutierrez, são acentuadas no sexo feminino. "Toda mulher é um pouco assim", observa.
Paralisado pelos fracassos que viveu, o papel do ator Samir El Halab aprisiona-se em lembranças amargas e torna-se incapaz de seguir em frente. Com seus "monstros internos", o espelho quebrado utilizado em cena reflete o medo do futuro e de se frustrar novamente. O ator também contracena com Servat, quando ambos se encontram e demonstram o contraste entre o "ontem" e o "hoje". "A intenção é fazer o público pensar em o que teria feito diferente se tivesse uma segunda chance", adianta.
O espectador de Colecionador de Destinos não assistirá a trama passivo, pelo contrário, irá acompanhar com proximidade cada encenação. A escolha do Museu Ferroviário de Curitiba caiu como uma luva nessa proposta, com um cenário perfeito para peça – possibilitando aos atores e público passear por uma antiga estação ferroviária. Além disso, em um determinado momento, quem estiver assistindo poderá expor suas opiniões sobre "destino", fechando com chave de ouro a temática.
O recurso audiovisual ganha espaço em um trecho do espetáculo, mostrando em imagens o lado nem tão metafórico e poético da questão. A dança contemporânea é utilizada no ato – Emanharados pelo Destino -, cujo título dispensa explicações. A trilha sonora original arremata a produção, composta por Alexandre Nero e Gilson Fukushima. "As faixas são nostálgicas e melancólicas, com a presença basicamente de instrumentos de sopro e piano", pontua Nero.
Serviço:
"Colecionador de Destinos", direção Maurício Vogue. Estréia quarta-feira, 17 de outubro e permanece em cartaz até 25 de novembro, de quarta a sábado, às 20h30, e aos domingos, às 19h.
Local: Museu Ferroviário de Curitiba, no Shopping Estação (Av. Sete Setembro,).
Ingressos: R$ 10 e R$5 (meia-entrada)
Os ingressos podem ser retirados antecipadamente no Teatro Regina Vogue ou no local, meia hora antes do espetáculo.