Paulo Betti já perdeu as contas dos papéis que fez na televisão, no cinema e no teatro. Apaixonado pela história do Brasil e pela profissão, o ator não esconde que prefere interpretar a apresentar programas. Mas também é obrigado a reconhecer que a diversidade de personagens e gêneros que traz no currículo dão a ele uma enorme bagagem de conhecimento, que permite que Paulo se sinta à vontade falando da profissão. É o que o ator tem feito desde 2005, quando estreou como apresentador do Novos nomes em cena, do Canal Brasil. No programa, que iniciou a segunda temporada há pouco mais de um mês, o ator entrevista jovens atores entre 25 e 35 anos de idade para falar da profissão e das carreiras. "No Canal Brasil, a ideologia que se tem é a de que as pessoas estão nos assistindo porque desejam saber sobre questões relacionadas ao universo dos atores", avalia.
P – Depois de duas temporadas no comando do Novos nomes em cena, o que você está achando de ser apresentador?
R – Na maioria da vezes, sou de 15 a 20 anos mais velho que meus entrevistados. De certa maneira, se estabelece uma relação de professor e aluno entre mim e meus convidados. Então, me sinto no direito de provocá-los um pouco, de puxar assuntos sobre suas experiências e fazê-los falar sobre suas angústias, sobre interpretação, metodologias, manias e medos. Vamos dizer que experimentei algumas dessas sensações durante a minha vida profissional.
P – Em algum momento durante as entrevistas você se surpreendeu com as histórias de vida desses atores?
R – Muitos deles chegam aos 30 anos de idade com uma bela experiência. Isso foi o que mais me surpreendeu! Esses atores são preparados e estão buscando se superar cada vez mais. Eles não estão encostados. Sinto um esforço grande de busca neles, o que é muito cativante. Tem ainda outro detalhe importante: temos público no auditório nos assistindo. Quando existe uma platéia, a vontade do entrevistador de fazer com que o entrevistado renda é maior.
P – Como são elaboradas as pautas do programa?
R – Na primeira leva de entrevistas, que foi ao ar em 2005, as pautas era feitas pelos diretores do programa. Agora, na segunda temporada, estou improvisando mais. Enfim, converso com os atores pensando que as pessoas que estão nos assistindo sabem sobre aquele universo ou querem falar e escutar sobre ele. Para mim, é nesse ponto que o Novos nomes em cena se diferencia de outras produções.
P – O que representa para você estar com esse programa no Canal Brasil?
R – Você imagina que revolução seria na televisão brasileira se o Canal Brasil passasse numa rede de televisão aberta. Não falando do programa, mas do canal em si. O Canal Brasil está restrito a uma população ínfima. Dentro da própria grade de tevê fechada, ele é um canal pago à parte. Lá, você encontra filmes brasileiros, o "making of" desses longas… Acho que esse é um canal que faria um sucesso enorme se estivesse em uma rede de tevê aberta.
P – O que falta na programação das emissoras de tevê aberta?
R – A televisão tem uma função educativa, cultural e informativa. O que se oferece na tevê aberta, no entanto, são produções pobres. As pessoas, em geral, são tratadas de forma meio infantil. Existem programas excepcionais, alguns como a minissérie JK, por exemplo. O ator sente a resposta positiva do público e o seu envolvimento diferenciado. Eles querem saber sobre o nosso passado histórico, sobre nossas riquezas. É sempre bom relembrar esses fatos.
* Novos nomes em cena Canal Brasil, da Globosat, segundas-feiras às 22h. Reprises: terças-feiras às 17h, quartas-feiras às 9h30 e sábado às 13h.