Não é a primeira vez que escrevo sobre a Pastoral da Criança, que o gênio criativo da dra. Zilda Arns fundou, nos idos de 1982.
Fi-lo, de modo minudente, em crônica publicada neste mesmo espaço, em 9 de fevereiro de 2001, quando o governo brasileiro houve por bem indicá-la ao Prêmio Nobel da Paz.
E a conclamação veemente resultou inócua, inobstante o desafio aos nossos conterrâneos, verbis: ?É preciso que nós, os paranaenses, tidos como tímidos e, algumas vezes, autofágicos, ergamo-nos e lutemos em prol da concessão do Nobel à Pastoral da Criança?.
Volto a fazê-lo, ainda com o apoio do Movimento Pró-Paraná, eis que outra oportunidade surge.
Porém, não é demais que se relembre a atividade dessa magnífica ?rede de solidariedade?, exemplarmente dirigida pela dra. Zilda Arns.
Valho-me, agora, de dados recentíssimos, publicados em Ler & Cia. ano 1/edição 2 (Livrarias Curitiba): ?A entidade tem números impressionantes. É formada por 242.552 pessoas capacitadas que trabalham espontaneamente em todo o País no combate à desnutrição e à mortalidade infantil. Em 2003, foram acompanhadas 83.993 gestantes e 1.815.572 crianças pobres, menores de seis anos. Além disso, 1.329.262 famílias tiveram orientações sobre higiene, saúde e educação em 36.422 comunidades organizadas em 3.757 municípios de todos os estados brasileiros. Com esses resultados, já se poderia afirmar que o trabalho é modelo absoluto de sucesso. Mas o que mais impressiona é que todo esse esforço é realizado com apenas R$ 1,33 por criança ao mês – total adquirido com as doações que mantêm a Pastoral?.
Bastaria isso para justificar o deferimento da honraria.
Todavia, convém recordar os resultados alcançados, a que alude aquele noticiário: ?A mortalidade infantil na Pastoral da Criança é de 15 óbitos no primeiro ano de vida para cada mil nascidos vivos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2002, esse número chegava a 28. Um aspecto significativo é que a entidade atua exclusivamente em bolsões de grande pobreza, onde a média de mortes costuma ser até o dobro da taxa nacional. Outra conquista está na redução da desnutrição, que fica em 5% entre as mais de 1,8 milhão de crianças acompanhadas em todo o Brasil?.
De outro lado, é de se considerar que a Pastoral ultrapassou os limites territoriais do Brasil, atingindo, até, países asiáticos e africanos.
Por tudo isso, será de inteira justiça que cerremos fileira em torno dessa boa causa!
Luís Renato Pedroso é desembargador jubilado, presidente do Centro de Letras do Paraná e vice-presidente do Movimento Pró-Paraná