Quem matou Eugênio (Mauro Mendonça)? Quem matou Saulo (Werner Schünemann)? Qual o mistério de Gerson (Marcello Antony)? A Clara (Mariana Ximenes) vai se dar bem?. Há oito meses no ar, a novela “Passione”, da Globo, conseguiu mexer com o horário nobre da Globo, alcançando picos de 56 pontos no Ibope (a antecessora, “Viver a Vida”, teve audiência máxima de 36 pontos) e jogando várias perguntas na cabeça do público. No trabalho, na mesa de bar ou na internet, o brasileiro se perguntou sobre questões da novela de Silvio de Abreu. No Orkut, a comunidade do folhetim tem 177 mil seguidores. No Twitter, 44 mil pessoas discutem sobre a trama.
Um dos temas mais debatidos foi o mistério do personagem Gerson, que durante meses apareceu no folhetim sentado em frente a um computador, tentando resolver uma neurose “nojenta”. Pedofilia, sadomasoquismo, homossexualidade… Palpites não faltaram. E o público se animou com o assunto. No dia em que o capítulo da revelação foi ao ar (29 de novembro), o tema ficou nos Trends Topics do Twitter. Mas o segredo não trouxe entusiasmo. Na trama, Gerson contou que tinha sido abusado sexualmente na infância, por Valentina (Daisy Lúcidi) e que, por isso, era viciado em sexo sujo.
Silvio de Abreu conseguiu tirar outras cartas da manga. E como já é normal as novelas se repetirem, Silvio não hesitou em usar o recurso que ele mesmo aplicou em “Belíssima” (2005), em que a vilã Bia Falcão (Fernanda Montenegro) parecia ter morrido, mas retornou no último capítulo. Dessa vez, foi o bom moço Totó ( Tony Ramos), vítima de Clara, que foi ressuscitado. O capítulo de sábado passado, no qual Totó apareceria, deixou o público angustiado. Só na última cena do último bloco, Clara descobriu que Totó estava vivo. Bete Gouveia (Fernanda Montenegro) esbofeteou a moça. Gema (Aracy Balabanian) xingou-a de schifosa (repugnante). E assim acabou o capítulo. Na segunda-feira passada, ninguém queria perder a sequência. E “Passione” alcançou 56 pontos no Ibope, marca não conquistada no horário desde setembro de 2009, quando “Caminho das Índias” estava no ar, com 54 pontos.
Na visão do mestre em Comunicação Claudino Mayer, autor do livro “Quem matou? – O Romance Policial na Telenovela”, lançado esta semana pela editora Annablume, o público acaba sendo fiel à trama por que se sente atraído pela ideia de poder ser o investigador. “Em casos reais, as pessoas querem investigar, mas não podem. Na novela, o público aproveita”, diz. Para ele, quem está por trás dos assassinatos de Eugênio (Mauro Mendonça) e Saulo (Werner Schünemann) é a dupla Clara e Fred (Reynaldo Gianecchini). Claudino deixa uma dica aos mais fanáticos: “O Silvio não é o tipo de autor que usa personagens secundários para o posto de vilão. O assassino, geralmente, tem muita empatia com o público”.
Goste o público ou não, Silvio de Abreu planeja deixar a vilã Clara impune. A moça irá fugir da prisão e terminará no Pacífico, do mesmo jeitinho que começou em “Passione”, cuidando de um senhor rico, cadeirante. Será esse o próximo golpe dela? Já o bígamo Berilo (Bruno Gagliasso) terminará com as duas esposas, Jéssica (Gabriela Duarte) e Agostina (Leandra Leal), ambas grávidas dele. Totó (Tony Ramos) voltará à Itália e venderá seu sítio a Juliana, vivida pela atriz Patrícia Pillar, que fará uma participação especial no folhetim. Será ela uma outra espécie de Clara? Silvio não abre o jogo. Ele só garante uma coisa: “Passione não é uma novela óbvia”. A expectativa para o último capítulo é grande. As informações são do Jornal da Tarde.