Participantes do Fringe clamam por apoio

Duzentos e noventa espetáculos. Duzentas e noventa idéias, visões, linguagens. Este é o Fringe, a mostra sem curadoria do Festival de Curitiba, que reúne quase três centenas de peças neste ano, com opções para todos os gostos e bolsos. Artistas dos espetáculos que compõem o Fringe deixam claro: não é teatro amador. É teatro profissional.

“Podemos dizer que hoje somos nós quem fazemos o Festival de Curitiba. É o Fringe que faz o festival. Pela diversidade, pela riqueza cultural, pelo profissionalismo”, afirma o ator Gustavo Ottoni, que apresenta no evento o espetáculo O alienista – uma leitura esquizofrênica, que traz uma adaptação de um conto de Machado de Assis escrito em 1881.

O ator e produtor Alberto Damit, que encena a peça Pretas por ter, fala que participar do Fringe permite a troca de ideias e também ficar por dentro sobre o que está acontecendo no teatro brasileiro.

Muitos participantes da mostra deste ano já apresentaram espetáculos em edições anteriores. O Fringe tem a fama de ser a vitrine nacional do teatro no País e muitas companhias são atraídas por isto.

No entanto, as dificuldades são enormes. Alguns espetáculos ainda contam com algum tipo de apoio, mas a maioria chega em Curitiba com a cara e a coragem, além da necessidade de pagar todos os seus custos.

“Nós vivemos duas realidades: a artística e a financeira. É muito difícil. Mas todos nós aqui provamos que é possível fazer algo essencial e de qualidade”, comenta a diretora Letícia Guimarães, do espetáculo O alienista.

O ator Robertinho Domingues, do espetáculo O palhaço da vida, participa pela primeira vez do festival e teve dificuldades para isto. Ele conseguiu apoio de alguns empresários e da prefeitura da cidade dele, São João Nepomucemo, no interior de Minas Gerais. Mesmo assim, foi possível cobrir as despesas de uma única pessoa. A solução foi chamar atores locais e estudantes para compor com ele o espetáculo.

Damit e outros artistas cobram mais apoio do próprio festival para o auxílio nos custos. “É necessária mais atenção com as companhias que vem de fora. Existem grupos que vieram com muitas dificuldades. O festival poderia rever isto.

O tratamento é como se fosse amador, mas não somos. E por isso muitos já não querem vir”, opina. A atriz e produtora Aline Valência, do espetáculo infantil Bem longe da Traçalândia, também sofre com as dificuldades e ainda teve problema na divulgação, pois sua peça não consta no livrinho do Fringe distribuído pela cidade. De acordo com ela, em outros festivais existe uma ajuda maior para as companhias.

Espetáculos do Fringe 2009

– Van Gogh – o suicidado pela sociedade. Baseado na obra de Antonin Artaud. Até o dia 21 no Teatro José Maria Santos.

– O palhaço da vida. Direção de Fabrício Henrique. Até o dia 21 no Teatro Marina Machado.

– Diz in bolsa. Inspirada em Dias felizes, de Samuel Beckett. Atuação e direção de Ruth Mezeck. De 22 a 23 no Espaço Cultural Falec.

– Pretas por ter. Da Companhia Baiana de Risos. De 22 a 25 no Teatro Lala Schneider.

– Dias de campo belo. Texto e direção de William Costa Lima.

Dias 19, 23, 24 e 25 no Teatro Edson D’Avila.

– Refúgio. De Abi Morgan, com direção de William Costa Lima. Até o dia 22 no Teatro Lala Schneider.

– O alienista – uma leitura esquizofrênica. Baseado em texto de Machado de Assis. Até o dia 21 no Miniauditório do Teatro Guaíra.

– Mais informações sobre estes e outros espetáculos do Fringe no www.festival,decuritiba.com.br

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