“Ele morreu nos meus braços. Foi tudo muito rápido”, afirmou, emocionada, a atriz Antônia Fontenelle, 39, viúva do ator e diretor Marcos Paulo, durante o velório do corpo dele hoje na capela um do Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, zona portuária do Rio.

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Marcos Paulo morreu na noite de ontem, aos 61 anos, de embolia pulmonar. Ele estava em casa, ao lado da mulher, quando começou a passar mal, na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade. Antônia ainda tentou socorrê-lo com a ajuda de uma amiga, mas não houve tempo.

Na manhã de segunda, a atriz Flavia Alessandra foi a primeira a chegar ao cemitério, antes das 10h, com Otaviano Costa e a filha Giulia, de seu casamento com Marcos Paulo. Emocionada, Giulia chorava bastante. Eles deixaram o local por volta das 12h30.

Pouco depois chegou a atriz Renata Sorrah, com a filha Mariana, também fruto de seu casamento com o diretor. Em seguida, a viúva Antônia Fontenelle, bastante abalada.

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O velório foi aberto ao público por volta das 12h. À tarde, cerca de 50 pessoas, entre parentes e amigos, acompanharam uma cerimônia católica de cremação do corpo do diretor.

Chorando muito, Fontenelle, que trabalhou com o diretor no filme “Assalto ao Banco Central” e na novela da TV Globo “Malhação”, disse que “ele fez tudo o que poderia ter feito, não faltou nada”. “Ele foi um anjo na minha vida. Com ele pude conhecer quem é a Antônia e até onde ela pode ir”, afirmou.

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As cinzas do diretor, segundo ela, serão jogadas na praia, em frente à casa deles, possivelmente. “Era um lugar de que ele gostava muito.”

A atriz ainda contou à imprensa que o marido estava bem, mas apresentava “febre com características de malária, há uma semana”. Nos últimos meses, Marcos Paulo viajava com frequência para a Amazônia, pois estava pesquisando locações para um filme intitulado “Sequestrados”.

A reportagem tentou contato com o clínico geral Everton Andrade, que cuidava do diretor no Rio, mas a secretária dele disse que ele não falaria com a imprensa na segunda.

Especialistas ouvidos pela reportagem, porém, consideram improvável a hipótese de morte por malária. Segundo informações do Laboratório de Pesquisas em Malária do Instituto Oswaldo Cruz, da Fiocruz, a embolia não está entre os problemas típicos do agravamento da doença infecciosa.

O médico Luís Alexandre Essinger, da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular, explica que a embolia pulmonar ocorre quando um coágulo formado em uma veia do corpo -normalmente dentro de um músculo da perna- se solta e chega até o pulmão, obstruindo a passagem de sangue, causando falta de ar e, em casos graves, até a morte.

Segundo Essinger, os dois principais fatores de risco para a formação do coágulo são a falta de movimento e a consequente estagnação do sangue, como em viagens longas de avião ou carro, por exemplo, e a tendência à hipercoagulabilidade, que é mais comum em pacientes com histórico de câncer.

Horas antes de morrer, Marcos Paulo tinha viajado de Manaus para o Rio, após participar da festa de encerramento do 9º Amazonas Film Festival. Além disso, ele tinha tido câncer em 2011.

“Ele tratou um câncer de esôfago na instituição em 2011 e estava totalmente em remissão conforme constataram exames recentes realizados no mês de outubro”, informou, em nota, o diretor do centro de oncologia clínica do Hospital São José da Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Despedida

Entre amigos e colegas de trabalho, os atores Osmar Prado, Mallu Mader, Suzana Vieira, Otávio Augusto e Deborah Evelyn e o diretor Dennis Carvalho estiveram no velório para um último adeus. “Um amigo que deixa muita saudade”, disse Mader.

“Cumpriu sua missão, é sempre uma perda grande no campo da arte. Fez uma belíssima carreira, sempre foi muito bem humorado, pessoa inteligente, criativa, belíssimo caráter. E no trabalho tinha muita confiança no que fazia, então não precisava ser autoritário”, destacou Prado.

“Ele sabia tudo, era muito bom, adorava trabalhar com ele”, disse o ator Luiz Magnelli, que trabalhou com Marcos Paulo em “Roque Santeiro”. “Ele era fora de série, não só como diretor, mas como amigo. Vai deixar saudades.”

O humorista Marcius Melhem também lamentou a morte do diretor. “É triste, muito triste. Era um amigo, diretor, parceiro, companheiro.”

A atriz Cássia Kiss soube pelo jornal da morte de Marcos Paulo. “Ele me ligou na terça e eu estava no aniversário da minha mãe, não consegui atender.” Ela também relembrou que teve uma briga séria com ele. “Mas pedi perdão e ele também, e fizemos as pazes. O perdão é que faz a gente caminhar.”

Leandro Hassun também passou para se despedir. “Foi uma grande perda para a TV. Era uma grande amigo, fiquei devendo um vinho para ele.”