Paraty cria museu para preservar sua história

Uma jornada de debates e uma exposição, Histórias e Ofícios do Território, abrem nesta quinta-feira, 4, o Museu Território de Paraty, iniciativa da Casa Azul, que promove há 12 anos a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Criado para preservar a memória arquitetônica e cultural da cidade fluminense, o museu abriga em sua primeira exposição, no espaço onde antes funcionava o cinema, registros da vida paratiense antes dos anos 1970, quando a rodovia Rio-Santos, BR 101, ainda não existia e Paraty era um lugar de peregrinação da comunidade alternativa, ligada à corrente da contracultura. O acesso, então, era feito só por mar.

O isolamento geográfico de Paraty até a década de 1970, de certa forma, ajudou a preservar o patrimônio histórico e arquitetônico da cidade. Porto de movimento intenso até o século 19, durante os ciclos do café e do ouro, o município passou um século no ostracismo, até ser redescoberto no fim dos anos 1960 por artesãos. Foi pensando na memória dos que se fixaram na cidade e em seus antigos habitantes que a Casa Azul decidiu realizar um projeto de recuperação oral dessa história, que começa com o ciclo de debates, hoje, no Espaço Experimental de Cultura Cinema da Praça.

Serão três dias de debates, hoje, amanhã e sábado. A abertura será hoje, às 18h30, com uma conversa entre o técnico do Iphan André Bazzanella e o diretor da Casa Azul, o arquiteto Mauro Munhoz. Amanhã, às 16 horas, o presidente do Ibram (Instituto Brasileiro de Museus), Ângelo Oswaldo, discute com a economista Luciane Gorgulho, responsável pelo Departamento de Economia e Cultura do BNDES, questões relacionadas ao patrimônio material e imaterial de Paraty, seguindo-se mais duas sessões (às 18h e 20h): a primeira com o pescador e artesão Almir Tã e o professor de Biologia Marinha Rodrigo Leão de Moura (Ecossistemas do Território) e a segunda, O Território Caiçara, com a participação do sociólogo Carlos Alberto Dória e do agricultor paratiense Zé Ferreira.

A ideia de criar um museu sem sede fixa, que vai funcionar por meio de um site na internet, e de marcar seu ano zero com debates entre acadêmicos e pessoas simples de Paraty está de acordo com uma nova concepção de museografia, diz Mauro Munhoz. “Queríamos confrontar a visão de especialistas com pessoas que moram num território conhecido pela leitura, pela Flip, mas que exercem outros ofícios”.

Assim, no sábado, às 15 horas, o pintor e professor paulista Paulo Pasta vai discutir arte com um pintor local, Júlio Paraty, que foi aluno de Djanira, seguindo-se um debate entre a especialista em culinária paritiense Maria Ramek e a antropóloga Paula Pinto e Silva. Além do ciclo será realizada na Casa de Cultura uma oficina de fotografia com Walter Craveiro.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo