O show do Paralamas do Sucesso no Rock in Rio 2019 começa com Sinais do Sim, a bonita canção do disco mais recente da banda, de mesmo nome (2017), num tipo de mensagem positiva necessária para enfrentar um domingo – mesmo que ele seja na Cidade do Rock, curtindo o último dia do festival até daqui a dois anos.
“Esse show é uma prova de que o Brasil está conectado cada vez mais com a energia global”, diz antes de Lourinha Bombril, uma música de décadas que afirma mais ou menos o mesmo: “Hagen-Daz de mangaba, Chateau canela preta, cachaça made in Carmo dando a volta no planeta”.
Em O Beco (1988), imagens de ativistas políticos como Nelson Mandela e Cacique Raoni ilustram o telão. Uma versão ska de Você, uma das imortais de Tim Maia, faz todo mundo cantar e dançar junto. Bem como A Novidade, parceria da banda com Gilberto Gil, que na versão do Paralamas ganha um toque mais de protesto do que de lamentação numa letra fatal: “Oh, mundo tão desigual, de um lado esse carnaval, do outro a fome total”. É o tecladista veterano João Fera quem brilha em Melô do Marinheiro, que como Herbert disse, foi feita antes de muita gente ali não ter nem nascido – o que não impede todo mundo de cantar a história do marinheiro que entra pelo cano.
Ao informar que apesar das raízes no rock brasileiro dos Paralamas a banda desviou em uma música para o blues, Herbert começa Caleidoscópio, uma canção que já tem 20 anos mas soa atemporal. Uma Brasileira reencaminha o show para o ska – a mistura de rock e reggae que o Paralamas cristalizou no Brasil – e dali não sai. Vital e Óculos, duas canções que a banda tocou na primeira edição do Rock in Rio, num show consagrador em 1985, voltam para o mesmo palco, e com vigor invejável, encerram mais uma passagem do Paralamas pelo festival.