O Quinteto da Paraíba foi fundado em 1989, ano em que Gonzagão faleceu, aos 77 anos. Capiba tinha então 85 anos, e viveu até os 93. Neste ano de 2002, em que Gonzagão faria 90 anos (e Capiba 98), a Paraíba volta a abraçar Pernambuco nesta homenagem sonora a dois dos maiores heróis musicais do Nordeste.
Com suingue e refinamento, Capiba & Gonzagão (Kuarup) celebra o caminho entre a música popular e a linguagem clássica, quando as cordas do quinteto encontram-se com a sanfona de Valter Albuquerque, o bandolim de Marco César e a percussão de Glauco Andreza.
A história desse CD começou em 97, quando, 40 dias antes de morrer, Capiba presenteou o quinteto com seus Quatro Maracatus, arranjados por seu velho amigo Guerra Peixe. “Com a minha admiração”, escreveu o compositor em 21 de novembro de 1997, ao entregar a partitura ao maestro Clóvis Pereira em seu quarto de hospital no Recife.
O presente só chegou a João Pessoa, e às mãos do quinteto, em fevereiro de 1998, mesmo ano em que saiu o CD Armorial & Piazzolla, com a música Toada e Desafio, do próprio Capiba, que foi o tema do filme Central do Brasil.
Logo em seguida, o maestro Adail Fernandes, que é uma espécie de “6.º membro do quintetoª, descobriu e adaptou velhas partituras com sete arranjos de Gonzagão feitos por Guerra Peixe: Baião, Paraíba, Qui nem Jiló, Algodão, Vozes da Seca, Légua Tirana e Respeita Januário.
Esses arranjos e mais os Quatro Maracatus (É de Tororó, Navio da Costa, Vira a Moenda e Cadê os Guerreiros) acabaram transformando Guerra Peixe no veio condutor do CD Capiba & Gonzagão. Das dezesseis faixas, dez partem de arranjos originais desse petropolitano apaixonado pelo Nordeste, um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos.