A Mostra de Cinema Chinês abre-se nesta sexta-feira, 29, para o público com o longa Alguém para Conversar, de Liu Yulin. A mostra tem sessões gratuitas no Centro Cultural São Paulo e prossegue até dia 8/10 apresentando um total de 12 filmes chineses contemporâneos, alguns premiados em festivais internacionais e todos inéditos no Brasil. Enfim, é todo um mundo a ser descoberto, pois essas obras raramente chegam ao circuito. Vêm, às vezes, em mostras e festivais e, mesmo assim, de forma isolada.

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O filme de abertura, por exemplo, é digno de todo interesse. A cineasta Liu Yulin, que conversa com o público após a exibição (a projeção é às 16h, o debate, às 18h) encontra maneira bem marcante de colocar em pauta uma questão contemporânea e universal – o isolamento das pessoas.

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Num contexto propenso ao melodrama, a mulher de um sapateiro o abandona e junta-se a outro homem. A história é adaptada do romance escrito pelo próprio pai da cineasta. Mescla o drama do sapateiro Aiguo com o de sua irmã, uma mulher que chega aos 40 anos de idade ainda solteira e procura alguém para aliviar sua solidão.

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A história se passa numa pequena cidade da China, daquelas em que todos conhecem a vida de todos e, apesar da modernidade acelerada do país, conservam tradições e hábitos arraigados. No caso de Aiguo, observa-se a pressão social para que “limpe sua honra” de marido traído. Os dramas se superpõem – a “defesa da honra” do protagonista, sua angústia diante da vida, o sofrimento da mulher que o abandonou, a criança cujos modelos de identificação permanecem indefinidos, etc. É um trabalho maduro, filmado com aquela pureza visual típica do cinema chinês.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.