Papel de Guilhermina Guinle contrasta com o humor de A Lua me Disse

tv1a.jpgNem todo mundo aceitaria um papel ?sério? em uma novela que tem no humor escrachado sua marca mais forte. Mas Guilhermina Guinle levou em conta outros aspectos para aceitar viver a advogada Sílvia, em A Lua me Disse. O principal deles foi justamente o desafio de fazer um personagem que é uma espécie de contraponto dos demais. ?Está sendo um exercício pra mim, porque no meio de uma comédia, com um monte de personagens meio doidos, engraçados, divertidos, a Sílvia vem para ser aquela pessoa mais centrada?, observa.

Mais do que o desafio do personagem ?sério? em meio a um texto caricatural, também questões pessoais levaram a atriz a ?abraçar? a causa da advogada Sílvia: a novela das sete da Globo era uma oportunidade de Guilhermina voltar a trabalhar com velhos amigos, como o autor da trama Miguel Falabella. Os dois já haviam trabalhado juntos na montagem da peça Capitanias Hereditárias, que ficou dois anos em cartaz. Mais do que simplesmente rever os amigos, Guilhermina acha que o entrosamento fora das gravações é fundamental para o sucesso do trabalho. ?É o nosso dia-a-dia, você encontra diariamente pessoas com as quais vai conviver durante oito ou nove meses da sua vida. Eu acho que isso é um fator muito importante?, defende.

Apesar de atuar em um tom dissonante em relação à maior parte dos demais personagens de A Lua me Disse, Guilhermina garante que não teve muitos problemas para construir a Sílvia. Para isso, a atriz conversou com advogados e assistiu a ?filmes de tribunal?. A única dificuldade, confessa a atriz, foi o vocabulário rebuscado característico dos profissionais da lei. ?Eu procurei falar um português correto. Porque, apesar de ela ter 25 anos, não podia ficar muito rebuscado. O bom resultado do personagem é uma continuação natural de um bom momento profissional que vive a atriz. A fase positiva vem desde que Guilhermina interpretou Rosinha, a secretária da escola de Mulheres Apaixonadas. A personagem, casada com o mulherengo taxista Caetano, acabou não tendo grande destaque na trama. Mas para a atriz, trabalhar sobre um texto de Manoel Carlos foi uma experiência que ela consideraria válida em qualquer circunstância. ?Todas as cenas dele têm alguma coisa de sentimento, de interior. É uma delícia porque você fica mais próximo do que você sente, do que seria possível na sua vida?, derrete-se.

Toda essa relação íntima entre vida profissional e vida pessoal não é casual na vida de Guilhermina Guinle. Casada há cinco anos com José Wilker, a atriz experimenta essa troca de impressões entre o pessoal e o profissional cotidianamente. Os mais de 40 anos de carreira do marido não assustam Guilhermina. Ao contrário, ela considera enriquecedor poder contar com a ajuda de alguém tão experiente dentro da própria casa. E apesar de Wilker preferir não se meter em seus trabalhos, ela garante que ele não nega ajuda. ?Ele é muito generoso. Eu acho maravilhoso. Ele não apenas sabe do que eu estou falando como conhece todas as pessoas. Nesse caso, o santo de casa faz milagres!?, brinca.

Na reta final das gravações de A Lua me Disse, Guilhermina jura não saber o final de seu personagem. ?A gente, literalmente, grava hoje e o capítulo vai ao ar depois de amanhã?, disfarça. Certo mesmo é o desejo de voltar ao teatro o quanto antes. Para pôr o plano em prática, a atriz está participando da pré-produção da peça Sangue, até mesmo no que diz respeito à captação de recursos. Com texto do sueco Lars Noren, a montagem terá direção de Aderbal Freire Filho e elenco encabeçado por José Wilker e Marília Gabriela. ?A gente optou por fazer tudo. Eu já fiz outras peças em que fui convidada como atriz, decorei um texto e fiz. Mas eu queria saber como é fazer toda a produção?, confessa.

De ?bem? com a sorte…

Os bons resultados e os ?ventos? até certo ponto tranqüilos do momento nunca foram uma constante na vida de Guilhermina Guinle. A atriz estreou na telinha em 1995 na novela Antônio Alves, o Taxista, do SBT, que se não teve nenhum grande problema, por outro lado teve pouquíssima repercussão. No ano seguinte, a atriz participou do remake de O Direito de Nascer, também no SBT. Em função de problemas até hoje não muito bem explicados na emissora, a produção só viria a ser exibida cinco anos mais tarde. O constante adiamento da estréia, que poderia ter sido um transtorno, acabou sendo bom no aspecto artístico. ?Como não tinha data para estrear, a gente gravava com calma. Exatamente o problema permitiu que se fizesse um trabalho com mais qualidade?, avalia.

Enquanto aguardava os inúmeros adiamentos de O Direito de Nascer, Guilhermina participou do elenco da novela Brida, produção da extinta Rede Manchete de 1998. E, mais uma vez, a sorte parecia não colaborar: a novela acabou saindo do ar antes mesmo do fim da trama, juntamente com a própria emissora. Mas como tudo é uma questão de como se olha, até desse fato a atriz tirou algumas lições. ?Eu conheci pessoas que ganhavam R$ 300 e estavam sem receber. São coisas que te enriquecem como ser humano, é uma experiência de vida e a gente está aqui para isso?, reconhece. No ano seguinte, já na Record, Guilhermina fez Tiro e Queda, novela que também não teve grande repercussão. Somente em 2003 veio o convite para participar de Mulheres Apaixonadas, trama que inauguraria uma fase mais tranqüila na carreira da atriz, embora seu personagem na novela de Manoel Carlos também não tenha ?acontecido?.

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