Paladar quase infantil

Qualquer cena que fuja da fantasia cor-de-rosa não entra em Água na Boca. Nada de insinuações sexuais ou de violência. E é assim que a Band acredita que vai conquistar a audiência paulatinamente – apesar de não ter ocorrido em Dance Dance Dance, que teve média de dois pontos. A nova novela da Band, que estréia amanhã, apresenta o universo da gastronomia através da rivalidade de duas famílias: a francesa Cassoulet e a italiana Bellini, que têm restaurantes vizinhos com as respectivas especialidades culinárias. Numa história completamente ingênua e repleta de referências gustativas, a trama é movimentada pelo amor entre a francesinha Danielle, de Rosanne Mulholland, e o aventureiro Luca, vivido por Caetano O?Maihlan.

Numa óbvia alusão à história de Romeu e Julieta, a novela de Marcos Lazarini investe em ingredientes cômicos para retratar os prazeres da mesa. ?O humor predomina na história. Mas vamos mostrar um universo bem diferente das outras novelas. É uma inovação sem apelações?, acredita Lazarini.

Todo ambientado em São Paulo, o tema culinário da trama dirigida por Del Rangel foi idéia da diretora geral da emissora, Elisabetta Zenatti, que diante da profusão de cursos e especialidades gastronômicas – cada vez mais em voga -, decidiu que o assunto combinava com o clima apetitoso que envolve a capital paulista. ?A gastronomia tem uma força muito grande na vida das pessoas. É o hobby de muita gente e um cenário perfeito para falar sobre um amor impossível?, valoriza Elisabetta.

Com locações no Mercado Municipal de São Paulo, feiras livres e peixarias da cidade, a trama gravada em HDTV também conta com uma cidade cenográfica de 3 mil m2 no bairro do Brás. O local vai abrigar uma rua onde ficam os dois restaurantes rivais: o Bistrô Paris e a Mamma Mia Pizzeria. Neles, as famílias concorrentes protagonizam cenas de humor bem pastelão, como tortas na cara, intermináveis discussões e muita competição. O conflito entre as famílias Cassoulet e Bellini começou com uma antiga disputa amorosa entre suas matriarcas, a esnobe francesa Françoise, de Jacqueline Laurence, e a italiana Maria Bellini, interpretada por Berta Zemel. ?Deixamos de lado as cenas com musicais, que são muito difíceis de fazer. Essa história sobre ?food stylist? é adequada para as famílias, tem cenas bem leves. Não nos preocupamos com a audiência fácil?, jura Del Rangel.

O mais difícil, no entanto, tem sido passar credibilidade nas cenas que demonstram maestria com o manuseio dos utensílios de cozinha ou a agilidade no preparo de alguns alimentos. Para encarnar uma francesinha legítima, Rosanne Mulholland, além de ficar loira, teve de aprender a colocar a mão na massa e ler muito sobre gastronomia. ?Cozinha nunca foi a minha praia. Tenho de treinar bastante para passar verdade com minha primeira protagonista?, constata a atriz.

Mas tamanha doçura na história pode ser uma faca de dois gumes e fazer com que a trama logo se torne enjoativa. O que pode ser interessante ao ser retratado na história é a diversidade culinária de São Paulo, com referências às cozinhas francesas, italianas, japonesas e até nordestinas, que também terão destaque na história. Além disso, todas as receitas mostradas na trama serão detalhadamente explicadas na emissora. Elas serão mostradas com um passo-a-passo no programa culinário Bem Família, nas manhãs da Band. ?Vamos explicar tudo sobre o prato mostrado no capítulo do dia anterior. Vamos apresentar tudo que a família quer assistir. Seremos a opção saborosa que vai ao ar no horário do Jornal Nacional?, provoca Elizabetta.

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