Pai para toda obra

Os pais mostrados nas telenovelas costumam merecer o tratamento de "figura paterna" em divãs de analistas. Seja pela necessidade de criar conflitos na trama, seja para seduzir o público, os folhetins estão repletos de pais desenhados em cores fortes: ou são extremamente severos ou totalmente desnaturados ou absolutamente babões ou inconseqüentemente liberais… Os progenitores com personalidade bem-marcada podem fugir da realidade, mas funcionam no jogo dramatúrgico. Tanto os bons, como o Mariano de América, Lineu de A Grande Família e Miguel de Malhação papéis de Paulo Goulart, Marco Nanini e Paulo Betti , quanto os incompetentes, como Alberto de A Lua Me Disse, Fred de Floribella e Glauco de América feitos por Otávio Augusto, Roger Gobeth e Edson Celulari.

Em América, a rigor, os pais não são lá essas coisas. Tanto que o melhor deles é um pai-fantasma: o Acácio, vivido por Chico Diaz. Mesmo depois de morto, o personagem continua a dar conselhos para o filho Tião, interpretado por Murílio Benício. Chico acha que a mensagem dessa relação "além-túmulo" é que o elo entre pai e o filho nunca se desfaz. "É uma ligação de amor e ternura eterna. A comunicação entre eles é diferente, mas o Acácio é um pai comum", teoriza o ator. Mas figura paterna típica mesmo é o Lineu de A Grande Família, que exerce o papel de pai de forma centrada e conservadora, porém sempre visando a manter a família unida e feliz. "Ele é quem segura as pontas da casa e dá mais veracidade à história", enaltece seu intérprete, Marco Nanini.

Ausentes

Apesar do enorme número de "pais" na ficção, muitos são ausentes. Caso de Glauco, interpretado por Edson Celulari, em América. O empresário se mantém alheio aos problemas da filha Raíssa, vivida por Mariana Ximenes. Mas o pior é não se manter tão distante assim da amiga da filha, a Lurdinha, de Cléo Pires. "Como pai, ele é despreparado para muitas coisas. De zero a dez, daria ao Glauco a nota quatro", avalia, generosamente, Edson. Quem também não tem vocação para a função é o Fred, vivido por Roger Gobeth, de Floribella da Band. Mas há uma atenuante: ele teve de assumir o papel de pai de seus seis irmãos depois da morte dos pais. Sem preparo, o rapaz dá uma educação rígida e vive estressado. "No fundo, ele ama os irmãos. Mas faz tudo errado. Eu não gostaria de ter um pai como ele", garante Roger.

 Já Aílton Graça é o "pai postiço" dos sonhos de muita gente. Tanto que o ator ouve freqüentemente nas ruas: "Você sim, eu deixo ser meu padrasto". Tudo por conta da boa relação que seu personagem Feitosa tem com a enteada Flor, vivida por Bruna Marquezine, em América. "Nossa, fiquei com o peito cheio. Ele não vê a menina como deficiente e abriu os olhos da mãe para isso. Hoje, a menina faz um monte de coisa por causa dele", valoriza Aílton.

 Nem mesmo os pais considerados bons, no entanto, costumam dividir o trabalho de criar a prole com as mães, como teoricamente deveria ocorrer. Mas há pais que assumem os dois papéis. Caso do Miguel, feito por Paulo Betti em Malhação. Pai de Bernardo, feito por Thiago Rodrigues, ele assumiu a dupla função depois da morte da mulher e zela permanentemente pelo bem-estar do garoto. "Ele é um pai moderno e assume esse papel com prazer. Mas com certeza existem muitos pais como Miguel por aí", aposta Paulo.

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