A música de Beethoven será o tema da temporada 2020 da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp). Os 250 anos do compositor serão celebrados com séries integrais das sinfonias, dos concertos para piano, das sonatas para piano e das sonatas para violoncelo, além de obras corais e do Concerto tríplice. A nova temporada traz uma novidade: preços dos ingressos têm redução de até 17%.
“Muito do que parece natural, hoje, numa sala de concertos, está ligado à obra e à pessoa de Beethoven. Ele mudou a ideia do que pode ser um concerto: sem perder a condição de arte pública, sua música pede um tipo de atenção semelhante ao da leitura de um texto. Mas Beethoven mudou também a própria ideia da música. E mudou a ideia do que somos, ou do que pode ser a humanidade – uma humanidade livre e justa”, diz o diretor artístico Arthur Nestrovski.
O novo diretor musical e regente titular Thierry Fischer, que substitui Marin Alsop a partir de janeiro de 2020, vai reger as sinfonias de n.º 1 a n.º 8 – a Nona será apresentada em dezembro, na despedida de Alsop. Fischer também vai reger, de Beethoven, a Missa solene.
“Não poderia haver repertório mais apropriado, porque as sinfonias são o coração do repertório. E Thierry tem uma relação antiga com elas. Como primeira flauta da Chamber Orchestra of Europe, ele mesmo tocou o ciclo completo, mais de uma vez, regido por Nikolaus Harnoncourt, experiência crucial na sua formação. Muito do que gostaria de fazer agora com a Osesp já estará concentrado na preparação dessas obras, ao logo do ano que vem”, explica Nestrovski.
Para interpretar os concertos para piano e orquestra, serão quatro pianistas: Paul Lewis (que toca ainda as Variações Diabelli), Alexander Melnikov, Louis Lortie e Jean-Efflam Bavouzet. Eles também participam da integral das sonatas para piano, ao lado de Andreas Staier, Fazil Say, Aleyson Scopel, Pablo Rossi, Ronaldo Rolim, Sonia Rubinsky, Eduardo Monteiro, Leonardo Hilsdorf e Lucas Thomazinho.
Antonio Meneses fará a integral da obra para violoncelo e piano, ao lado de Ricardo Castro, com quem toca ainda o Concerto Tríplice (com o maestro e violinista Claudio Cruz, que fecha o trio). Há ainda aberturas orquestrais e obras como o oratório Cristo no Monte das Oliveiras, regido por Alexander Liebreich.
A temporada traz ainda Thierry Fischer regendo em sua maioria obras do século 20 (como as Cinco Peças para Orquestra de Schoenberg e de Webern, as Três Peças para Orquestra de Alban Berg e as Notations, de Pierre Boulez), e do século 21, como a estreia latino-americana de uma nova obra para violoncelo e orquestra de Tristan Murail (com solos de Jean-Guihen Queyras) e a estreia mundial de Ojí, de Paulo Costa Lima, uma das encomendas do ano da orquestra.
As outras encomendas do ano são: uma obra do compositor residente, o australiano Brett Dean, para viola, violino e orquestra, que será estreada pelo artista residente, o violista francês Antoine Tamestit, e pela violinista Isabelle Faust; Cartas Portuguesas, de João Guilherme Ripper, para soprano e orquestra (regência de Pedro Neves); Inferno, de Nuno da Rocha, para orquestra e coro (regência de Giancarlo Guerrero); Salseando, de Roberto Sierra, um concerto para trompete encomendado em parceria com a Royal Philharmonic Orchestra (com Guerrero e solos de Pacho Flores); e a Sinfonia Pastoral, de Nailor Azevedo (Proveta).
Outros destaques incluem Matias, O Pintor, de Hindemith, com Marin Alsop; a Música do Velho Circo Russo, de Rodion Shchedrin, pelo maestro Vassily Sinaisky; Richard Armstrong, que rege a Sinfonia n.º 8 de Bruckner; Arvo Volmer, com a Quinta de Sibelius; e Alexander Shelley, que interpreta peças de Lili Boulanger.
O valor das séries fixas de assinaturas (com 5, 6, 8 ou 9 concertos) vai de R$ 400 a R$ 1.570. Já as séries flexíveis, em que o interessado monta sua grade de apresentações, os ingressos vão de R$ 50 a R$ 152. “Essa redução visa aproximar os preços de ingressos nos diferentes setores da Sala São Paulo. Em vez de uma política de descontos pontuais durante a temporada, a Fundação Osesp vai aplicar esse benefício a todos os públicos”, diz o diretor executivo da Osesp, Marcelo Lopes.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.