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Oscar politizado

Donald Trump não é um dos indicados nem é esperado na 89ª entrega do Oscar, no Dolby Theatre, na noite deste domingo, 26, a partir das 21h (Brasília), mas certamente o presidente dos Estados Unidos será um dos protagonistas na cerimônia que promete ser a mais politizada dos últimos anos. Apenas um mês depois da posse, a classe artística – notadamente a do cinema – respondeu à altura aos atos controversos do novo governante, especialmente os temas imigratórios. Desde o poderoso discurso de Meryl Streep na entrega do Globo de Ouro até a notícia de que dois cientistas da Nasa vão representar o concorrente iraniano na disputa de filme estrangeiro, criou-se uma expectativa de que a cerimônia deste domingo será marcada por comentários, ácidos ou irônicos, sobre os destemperos presidenciais.

O braço de ferro entre Trump e os artistas teve nova rodada na sexta-feira, 24, quando o diretor Asghar Farhadi, forte concorrente a melhor estrangeiro com O Apartamento e que não está em Los Angeles em represália à proibição da entrada de iranianos (e outras seis nações), anunciou que será representado na festa por dois proeminentes iraniano-americanos, a engenheira Anousheh Ansari, conhecida por ser a primeira turista espacial, e Firouz Naderi, ex-diretor de exploração do sistema solar da Nasa. Um claro exemplo de como estrangeiros, principalmente os qualificados, são importantes para este país.

A questão também foi tratada no almoço que reúne todos os indicados ao Oscar, realizado em Los Angeles, no dia 6 de fevereiro. Cheryl Boone Isaacs, que preside a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, tratou dos problemas políticos sem papas na língua. “Todos sabemos que há algumas cadeiras vazias nesta sala”, disse ela, apontando para os lugares reservados a Farhadi. “Isso nos converte a todos em ativistas. A arte não tem fronteiras, as sociedades fortes não censuram os artistas, mas os celebram. Não podemos permitir que fronteiras detenham o talento.”

Cheryl é uma mulher de fala tranquila e sorriso aberto e, desde 2013, quando assumiu a presidência da Academia, tem enfrentado com energia as demandas – como a reivindicação de uma disputa mais justa para os profissionais afro-americanos. Depois de uma cerimônia marcada pela presença massacrante de artistas de pele branca em 2016, a luta agora pelas estatuetas douradas traz um número mais acentuado de candidatos, alguns com grande chance de conquista, tanto novatos como Mahershala Ali, que concorre como ator coadjuvante por Moonlight – Sob a Luz do Luar, até veteranos como Denzel Washington e Viola Davis, de Um Limite Entre Nós, que disputam como ator e atriz coadjuvante.

“O aumento de negros indicados não significa que Hollywood finalmente alcançou a diversidade”, afirma Octavia Spencer, concorrente como coadjuvante por Estrelas Além do Tempo. “O problema é maior e envolve a forma de produção dos filmes.”

A questão, de fato, vai persistir, mas enquanto isso, Hollywood não se esquece de que cinema também é diversão. É o que prometem os organizadores da festa dessa noite, Michael De Luca e Jennifer Todd, que vão celebrar La La Land, filme indicado a 14 categorias.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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