Os velhos bolachões estão voltando

O surgimento do CD, na década de oitenta, e mais recentemente do MP3, fez com que os discos de vinil sumissem do mercado e passassem praticamente a ser encontrados apenas em sebos e lojas de colecionadores.

Entretanto, indo na contramão da tecnologia, muitos artistas e apreciadores de música nacionais e internacionais não abrem mão dos bons e velhos “bolachões” (como os vinis eram popularmente conhecidos), sinalizando, ainda que de maneira tímida, que eles possam vir a ressurgir nos próximos anos.

“Nos Estados Unidos e na Europa, o ressurgimento do vinil já é uma realidade. No Brasil, alguns artistas, como Maria Rita, Caetano Veloso e o grupo Los Hermano, recentemente também prensaram suas obras em vinil. Não acredito que o vinil possa voltar a ter tiragens astronômicas de 100 mil ou 200 mil cópias, pois até o CD já está perdendo espaço em função do MP3.

Entretanto, seria muito bom se os velhos discos voltassem e pudessem conviver pacificamente com outros formatos. Isto daria liberdade de escolha às pessoas”, comenta o produtor musical Rodrigo Lariu, que é dono da gravadora Midsummer Madness, no Rio de Janeiro.

A última fábrica de vinil da América Latina, denominada Polysom, está localizada no Rio de Janeiro. Entretanto, está em condições precárias e não vem produzindo. Segundo Rodrigo, se a fábrica tivesse seu maquinário recuperado e pudesse voltar a funcionar com boa qualidade técnica, as chances de o vinil retornar seriam ainda maiores. Além disso, poderiam ser gerados empregos e renda.

“Atualmente, os artistas brasileiros que querem prensar seus trabalhos em vinil devem fazer isso nos Estados Unidos e na Europa. Recentemente, fiz uma pesquisa na Bélgica e descobri que cada unidade de vinil de doze polegadas custa entre R$ 7,00 e R$ 8,00, enquanto um CD sai no máximo R$ 2,80. Se a Polysom voltasse a funcionar, não precisaríamos mais recorrer à importação e os custos dos discos de vinil seriam reduzidos.”

O pesquisador musical e colecionador Jaime Peters, de Curitiba, tem verdadeira paixão pelos velhos “bolachões”. Ele escuta CDs e MP3s, mas tem em casa nada menos do que 8 mil discos de vinil de diversos estilos musicais, principalmente MPB (Música Popular Brasileira). “Quando a gente quer ouvir música, vale qualquer tipo de formato. Porém, para mim, o grande barato do vinil é tê-lo como um objeto de arte. Além de gostar de escutar as músicas, gosto de ter a capa e a contracapa do disco e as informações que ela traz sobre as músicas, os cantores e instrumentistas. É um prazer que vai além do prazer de simplesmente ouvir uma música”, afirma.

Jaime também defende que o som do vinil é melhor quando comparado ao do CD e principalmente ao do MP3 (em que as músicas são bastante condensadas), embora na maioria das vezes isto não seja fortemente percebido por pessoas leigas. “Em um aparelho de altíssima qualidade, o vinil é melhor do que os dois outros formatos. Ele tem uma resposta mecânica superior, é mais limpo e qualifica um pouco melhor as informações presentes na música”, explica.

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