Mônica Salmaso sempre gostou do mais elementar na música, aquilo que a faz explorar os mais diferentes aspectos da cultura brasileira. A cantora paulista caminha movida por essa paixão desde o primeiro disco, Afro-sambas (1995), em duo com o violonista Paulo Bellinati, relançado recentemente pela gravadora Biscoito Fino. De lá para cá, lançou seis discos, todos profundamente envolvidos com a musicalidade verde-e-amarela.

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Agora, ao lado do pianista Nelson Ayres e do saxofonista e flautista Teco Cardoso, ela está em processo de construção do próximo disco, Alma lírica brasileira, que deve ficar pronto ainda no primeiro semestre deste ano.

Para os mais ansiosos em ouvir esse novo trabalho, há uma chance: hoje, amanhã e domingo, o trio sobe ao palco intimista do Teatro da Caixa para mais uma apresentação.

Não é pretensão dizer que a união de Mônica, Nelson e Teco (que vem desde 98) tem algo de especial. Algo que transcende os movimentos automáticos e cria uma ligação orgânica com a obra. Essa sensação se solidificou, ressalta a cantora, no disco que vai ser lançado. “A convivência musical muito intensa foi criando a identidade do grupo”.

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Quando repassa como se manifestou a ideia que desembocou no projeto, Mônica lembra que o impulso emergiu a partir de Noites de gala, Samba na rua (2007). O CD recria composições de Chico Buarque, com participação do grupo Pau Brasil, do qual fazem parte Teco e Nelson.

Isso porque, em 2008, o grupo precisou fazer uma adaptação nos arranjos para o show, que seria levado a cabo por um trio e não mais pelo sexteto original que gravou o disco.

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A maior parcela das músicas, inclusive, é dedicada a Chico, que se fará presente através de sucessos como Construção e três canções de O grande circo místico, compostas em conjunto com Edu Lobo para o Balé Teatro Guaíra. São elas Ciranda da bailarina, A história de Lily Braun e Beatriz. Para a cantora, este show fala muito do Brasil de maneira elegante, mas também divertida.

O repertório, define a cantora, é bem variado com vários estilos que convivem bem juntos. Estão no disco, por exemplo, Heitor Villa-Lobos, Paulo Vanzolini e Zé Miguel Wisnik.

Ela acha difícil comparar a outro álbum da carreira, mas pode-se dizer que ele tem a variedade do IaIá (2004), onde Dorival Caymmi convive harmonicamente com Tom Zé.

Com 22 anos de sua vida dedicadas à música, Mônica vivencia um bom momento da carreira. Para ela, o processo criativo que experimenta com este novo disco revela uma maior maturidade profissional. “Agora sinto mais prazer porque tenho mais segurança. Não estou tão preocupada em ser perfeita. Tudo está mais orgânico”.

A confiança adquirida ao longo dos anos trouxe a ela mais confiança tanto no palco quanto no estúdio. “Antes a tensão estava muito presente e até atrapalhava um pouco. Agora tenho o domínio da linguagem e está tudo mais divertido porque acontece mais naturalmente. É bem essa sensação que queremos mostrar no show”.

Serviço

Mônica Salmaso Trio. Hoje, amanhã, às 21h  e domingo, às 19h. Teatro da Caixa. Rua Conselheiro Laurindo, 280. Ingressos a R$ 20, na bilheteria. Informações: 2118-5111.