O clima no SBT para o lançamento de Os Ricos Também Choram, que estréia amanhã, dia 18, às 21 h, não poderia ser dos melhores. Elenco, diretores e equipe técnica festejam a liberdade que a emissora concedeu ao autor Marcos Lazarini e o investimento em cenários, figurinos e, sobretudo, na cidade cenográfica de 4,5 mil metros quadrados, que custou cerca de R$ 1,5 milhão. De todas as novelas já produzidas pela emissora a partir do contrato com a Televisa, esta é a que mais se afasta da original, tendo sido totalmente transportada para a São Paulo da década de 1930.
Mas o diretor de teledramaturgia do SBT, David Grimberg, acha que as comemorações ainda têm de esperar. Mais precisamente, até o ano que vem, quando deve finalmente sair do papel a antiga idéia de um novo horário na grade para tramas produzidas no Brasil. ?Será realmente uma vitória quando conseguirmos estabelecer o segundo horário e consolidar a teledramaturgia na emissora?, pondera David.
Entre os atores, poucos parecem se lembrar que Os Ricos Também Choram, já exibida pelo SBT na versão original em 1982, é um tradicional ?dramalhão mexicano?. E o autor Marcos Lazarini parece empenhado em que ninguém realmente pense nisso. ?Pegamos o eixo central e os principais conflitos, mas a história é outra. Quero tornar esta versão um pouco minha também?, anseia Lazarini, que, pelo menos por enquanto, pode considerar a tarefa muito bem encaminhada. ?O texto tem sido completamente reescrito. Minha personagem não é uma mocinha tradicional, é cheia de conflitos?, derrama-se Taís Fersoza, intérprete de Mariana.
Na versão de Lazarini, Mariana vai provocar sérios desentendimentos entre os irmãos Alberto e Bernardo, vividos por Márcio Kieling e Felipe Folgosi. Alberto, um típico bon vivant, era único no coração da mocinha no texto original. ?Ele só quer se divertir e gastar o dinheiro do pai. No começo, as pessoas podem acabar simpatizando mais com o Bernardo?, imagina Márcio. Criado por Lazarini, Bernardo é o oposto do irmão: responsável, idealista e orgulho da família. Cansada de esperar que Alberto tome uma decisão, Mariana, mesmo apaixonada por ele, aceita o pedido de casamento de Bernardo, sem sequer desconfiar que os dois sejam irmãos. ?Ele é basicamente o rico que chora. Tem uma série de decepções, vai sofrer muito?, define Felipe.
Mais personagens
Em torno do eixo central, muitos outros personagens foram acrescentados por Lazarini, que vai utilizar todo o clima social, político e histórico da época na trama. O vilão Pedro, interpretado por Thierry Figueira, ganhou contornos políticos ao se transformar no prefeito da cidade de Ouro Verde. Amigo de infância de Bernardo, ele acaba virando seu rival ao ser nomeado para substituí-lo na Prefeitura após a Revolução de 30. ?No começo ele parece só impulsivo, mas tem um desvio de caráter que vai levá-lo a fazer muitas maldades?, explica Thierry, em seu primeiro papel de vilão. Apaixonado pela dissimulada Sofia, personagem de Ludmila Dayer, Pedro é um verdadeiro joguete nas mãos da dondoca, que só pensa em se casar com Alberto. Mas, em determinado momento da trama, os dois resolvem unir suas forças malignas. ?Espero que as pessoas tenham raiva dela, porque é uma vilã fria, calculista, nojenta mesmo?, dispara Ludmila.
A rivalidade política também dá o tom da relação mal-resolvida entre Coronel Domingues e Arabela, personagens de Jonas Bloch e Françoise Forton. Ele, líder político e pioneiro no cultivo de cana-de-açúcar, pai de Alberto e Bernardo e casado com Maria José, vivida por Glauce Graieb. Ela, viúva que herdou os negócios e a verve política do marido e mantém reclusas as três filhas, vividas por Flávia Monteiro, Karla Tenório e Ana Fuser. Os dois vivem se enfrentando, mas, no fundo, guardam lembranças de um grande amor do passado. ?É bom contar a história da Arabela, que tem um interior muito bonito, mas, sobretudo, contar a nossa História. A gente valoriza o que vem de fora e esquece que tem coisas boas, bonitas e polêmicas para contar?, discursa Françoise, resumindo o tom festivo da equipe.