Miguel Falabella assistiu à montagem americana de The Producers em agosto de 2001, em Nova York. “Dias depois, as torres do World Trade Center foram alvo do ataque terrorista e a cidade ficou em polvorosa”, conta ele, que saiu do espetáculo já rascunhando mentalmente a tradução das letras das canções. “Os versos são engenhosos e se encaixam bem em português. Eu já queria montar no Brasil, mas, na época, ainda não havia produtores interessados em musicais.”

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Foi Sandro Chaim quem levantou o projeto em 2007 e volta a assinar a produção da versão que estreia na sexta-feira, 20. Falabella fez poucas modificações no texto montado há 11 anos. “Enxuguei alguns trechos para melhorar a agilidade, mas a essência do humor cáustico de Mel Brooks sobressai e está preservada.”

Em 2001, Brooks transformou em musical um de seus sucessos do cinema, The Producers, de 1968, que, no Brasil, chamou-se Primavera para Hitler. Trata-se da trajetória de um outrora famoso produtor de musicais, Max (Falabella), que, decadente, se sustenta namorando velhinhas endinheiradas. Até que seu contador, Leo (Marco Luque), descobre sem querer o caminho para ficar rico: produzir um espetáculo destinado a ser um grande fracasso e que sairá de cartaz no primeiro dia. Os dois embarcam no projeto e, para isso, escolhem um musical sobre a época nazista, Primavera para Hitler. Para dirigi-lo, escolhem o “pior diretor de todos os tempos”, o afetadíssimo Roger de Bries (Sandro Cristopher). À dupla, se une Ulla (Danielle Winits), candidata a assistente por quem Leo se apaixona e que se torna a atriz principal, além de secretária e recepcionista. Quando tudo parece estar dando certo, o espetáculo se revela um grande sucesso e a dupla vai para a cadeia.

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“Saí de uma zona de conforto, depois de 12 anos fazendo solos”, conta Marco Luque, que estreia em musicais de forma retumbante. “Faço muitas aulas de canto desde novembro, pois tenho quatro canções muito exigentes.” Veterana no gênero, Danielle curiosamente assume o papel que era seu há uma década. “Deixei de fazer Ulla na primeira montagem porque engravidei”, conta. “Mas trago ainda características que pensei em destacar, como uma falsa ingenuidade dela.”

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Um requinte da atual versão é o trabalho corporal criado por Fernanda Chamma e a coreografia de sapateado a cargo de Felipe Galganni, especialista que vive há oito anos nos EUA. “Criamos passos mais dançantes e menos percussivos, o que dá mais leveza à dança”, observa Fernanda. “Um sapateado clássico, com linguagem Broadway”, completa Galganni. Para isso, a dupla cuida de detalhes como microfonar os sapatos.

E, para alcançar a sonoridade esperada, eles contam com a colaboração do diretor musical Carlos Bauzys. “O diálogo entre orquestra e sapateado é essencial: é preciso um entendimento das frases musicais entre ambos”, comenta. “No número Primavera para Hitler, por exemplo, há uma mistura de suingue com a música religiosa do Harlem toda costurada com palavras.”

Bauzys reviu vídeos da primeira montagem para agora fazer novos ajustes. “Miguel, por exemplo, está com uma voz mais grave, o que exige uma adaptação da orquestra, que vai se apresentar ao estilo big band dos anos 1940, unindo virtuosismo com o erudito.”