Os musicais brasileiros voltam aos teatros

A bem-sucedida temporada de Os produtores em Curitiba, reunindo grande público nas apresentações realizadas no teatro Positivo, é a confirmação da retomada dos grandes musicais brasileiros. Esta “onda” não chegara ao Paraná com força, apesar do frenesi que Sassaricando causou no último Festival de Teatro de Curitiba. Mas, no Rio de Janeiro e em São Paulo, grandes dramaturgos e cantores estão apostando todas as suas fichas no gênero.

O que é, além de uma retomada, uma reacomodação do teatro brasileiro. Ao mesmo tempo em que sempre tivemos grandes companhias, montagens brilhantes e uma cena alternativa forte, havia o teatro musical, o “teatro de revista” ou “teatro rebolado”, como era chamado costumeiramente nos anos 40s e 50s. Estes espetáculos ajudaram a formar um público, que depois partia para as peças do Teatro Brasileiro de Comédia, das companhias de Cacilda Becker e Dulcina de Moraes e para as grandes montagens dos textos de Nelson Rodrigues por Ziembinski.

E também eram o primeiro espaço de grandes canções. Aquarela do Brasil, No Tabuleiro da Baiana, Cidade Maravilhosa e Amendoim Torradinho, por exemplo, saíram de espetáculos do “teatro rebolado”. Compositores como Ary Barroso e Dorival Caymmi foram, por certo tempo, contratados de Carlos Machado, o grande “magnata” do teatro de revista. Sylvia Telles, Carmen Miranda e Aracy Côrtes foram estrelas de peças.E até João Gilberto, acreditem, atuou.

Hoje, os espetáculos estão distantes do estilo tropical de décadas atrás. São, sim, eventos de grandes proporções – tanto que, semana passada, foi feita uma visita guiada, tal como na Broadway, aos cenários de Os produtores. É uma superprodução, com artistas de televisão e músicos de primeira linha participando das adaptações das canções americanas.

Por sinal, foi da revitalização do musical norte-americano que surgiu a retomada no Brasil. Não aqueles espetáculos grandiloqüentes, como Cats e Evita, que foram sucessos na década de 80. Mas sim peças divertidas e intelectualizadas, como Os produtores (de Mel Brooks) e Company. Esta é do principal autor de musicais da atualidade, Stephen Sondheim – considerado um artista (principalmente compositor) “difícil”, mas muito respeitado.

Aqui, o principal nome dos musicais é o carioca Cláudio Botelho, que fez espetáculos sucessivos até que o formato “ressuscitasse”. Ele tem, hoje, a ajuda de Sérgio Cabral, Eduardo Dussek e Miguel Falabella, entre outros, para formar – quem sabe – uma nova geração de fãs deste adorável gênero artístico.
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