O quarteto de Curitiba: devoção pelo quarteto de Liverpool. |
Enquanto os Beatles voltam às paradas e às manchetes com o recente lançamento de Let it Be… Nacked – tentativa de Paul McCartney de recuperar o conceito original do álbum lançado em 1970 -, os curitibanos têm hoje a oportunidade de conferir o som do quarteto de Liverpool ao vivo: os Metralhas, o mais tradicional cover dos Beatles da cidade, apresenta às 21h no Guairão o seu novo show.
Como o novo CD é muito recente, o espetáculo ainda não terá as novas versões de …Nacked, mas traz algumas novidades em relação aos shows anteriores: “Vamos ter a participação da orquestra da Polícia Militar, regida pelo subtenente Josué Souza”, conta o gastroenterologista Alfrelí Arruda Amaral, de 56 anos, que “faz o papel” de George Harrison na guitarra solo. “Assim poderemos tocar mais fielmente músicas com arranjos complexos, como Strawberry Fields Forever.”
Com uma trajetória que se iniciou em 1965, foi interrompida em 1971 – “quando fomos estudar e assumir nossas profissões” -, e retomada em 1989, os Metralhas hoje são formados pelo advogado Paulo Hilário no baixo, o baterista James e o guitarrista base Valderilho Azevedo – todos respeitáveis senhores de meia idade. E têm como objetivo pétreo reproduzir com o máximo de fidelidade as canções dos fab four. Para isso utilizam instrumentos idênticos aos que eram empunhados por Paul, John, George e Ringo nos anos 60, como guitarras Gretsh e contrabaixo Hofner.
A dedicação tem rendido diversas apresentações Brasil afora, além do convite feito em 1997 pelo Consulado da Grã-Bretanha em Curitiba para participar da International Beatles Week, reunião anual dos beatlemaníacos em Liverpool, com direito a apresentações no lendário Cavern, o pub que viu germinar o fenômeno Beatles. “Quando subimos no palco do Cavern entupido de gente, achei que o Paulo [Hilário] ia ter um treco, porque ele é hipertenso”, relembra. “E ele ficou preocupado comigo, ao me ver embasbacado daquele jeito.” Depois disso eles voltaram ainda duas vezes, sempre com o maior sucesso.
Questionado se não seria “mais fácil” fazer sucesso tocando músicas consagradas da maior banda de todos os tempos, ao invés de batalhar espaço com composições próprias, Alfreli rebate: “Fazer cover bem feito não tem nada de fácil, pois temos que fazer uma reprodução fiel de grandes sucessos que todo mundo conhece. Se tocássemos nossas músicas, poderíamos apresentá-las do jeito que quiséssemos”. Além disso, o médico diz que alguns deles têm suas músicas, que apresentam de vez em quando. Com relação a eventuais críticas pela idade dos quatro metralhas, de pessoas que possam considerá-los “velhos demais” para ficar tocando Beatles, Alfreli tem a resposta na ponta da língua: “A idade é uma limitação do corpo, não da mente nem do espírito. Você não precisa “ficar velho? se você não quiser”. Vale a pena ver os Metralhas, nem que seja para matar a saudade.
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Hoje às 21h no Guairão. Ingressos a 20 e 15 reais, à venda na bilheteria do teatro.