Arte

Os horrores da opressão em exposição no MON

As história recente argentina, mais precisamente o período da ditadura, onde a opressão evidenciou o paradoxo de um sistema que se propunha ao desenvolvimento, porém ceifava a democracia pelos métodos da violência, estão nas obras da exposição Carlos Alonso – Hay que comer, que pode ser visitada a partir de amanhã, no Museu Oscar Niemeyer (MON). Trata-se de uma mostra inédita no Brasil, que reúne 50 obras provenientes da Fundación Alon para las Artes (www.fundacionalon.org).

Nas obras, Calos Alonso -um dos maiores pintores argentinos vivos, adepto do movimento chamado Novo Realismo Italiano -constitui um crítica, usando a metáfora da carne bovina, que, de acordo com o curador Jacobo Fiterman, também se associa com a cultura portenha.

No conjunto selecionado para esta mostra em Curitiba, estão trabalhos produzidos entre 1965 e 1984, entre pinturas, desenhos, gravuras, serigrafia e colagens. A exposição de Alonso se divide em duas partes. A primeira retrata a ditadura na Argentina, seguindo uma cronologia, que se inicia com uma história de amor.

“O artista mostra uma situação que ele vivenciou. Começa com um amor carnal, com a carne humana se misturando em um amor bizzarro, uma amor sexual”, afirma Fiterman. Segundo ele, a sequencia segue pelos horrores da opressão e termina com os desaparecidos durante o período do governo ditatorial.

Na segunda parte, a exposição mostra a sensibilidade artística de Alonso. “São retratos que revelam a potência artística do pintor e que permitem um análise pictórica desse artista, influenciado por mestres como Monet e Van Gogh”, afirma Fiterman.

Segundo o curador, para Carlos Alonso, a arte se transformou no lugar onde são fixadas as feridas que a realidade deixa sobre o mundo. Esta série é um testemunho de uma Argentina que estará sempre presente para que seus dramas e seus enganos não se repitam.

A exposição, que tem o patrocínio da Sanepar, Compagás e Agência de Fomento e conta com o apoio do Ministério da Cultura, Governo do Paraná e da Caixa Econômica Federal, fica no MON até o dia 11 de abril de 2010.

Trajetória

Apontado como um dos representantes mais consagrados e arraigados da tradição plástica da Argentina, Carlos Alonso foi contemplado por diversas premiações.

Dentre suas obras, dois trabalhos merecem ser destacados: em 1957, ganhou o primeiro lugar do concurso para ilustrar a segunda parte do clássico de Miguel de Cervantes, Dom Quixote de La Mancha (a primeira parte foi ilustrada por Salvador Dali) e, em 1969, a exibição dos desenhos para a Divina Comédia, na Art Gallery International.

Em 1971, o artista argentino aderiu ao movimento Novo Realismo Italiano, sobre o qual o próprio Alonso declarou: “O Novo Realismo é uma arte politizada. Seu enunciado franco e direto apela em ocasiões a uma simultaneidade na qual se mesclam diferentes tempos e situações ao redor de uma idéia, de uma carga intencionada”. Desde o início dos anos 1970, Carlos Alonso reside alternadamente em Roma e Buenos Aires.

Serviço

Carlos Alonso – Hay que comer. Visitação até 11 de abril de 2010, no Museu Oscar Niemeyer (Rua Marechal Hermes, 999). De terça a domingo, das 10h às 18h. Entrada: R$ 4,00 (inteira).

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