O espectador que se deparar com o trio Mônica Martelli, Paulo Gustavo e Daniele Valente, figuras assíduas em comédias no cinema e na TV, pode até pensar que vai rir de uma piada a cada cena. Apesar da referência do elenco principal, “Os Homens São de Marte… E É pra Lá que Eu Vou”, em circuito desde ontem, não segue tão à risca a receita do gênero que tem dominado a produção nacional e investe mais no romance.

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“Foi opção não forçar a comédia. Tenho horror a isso. Sei que o grande público gosta, mas eu não. Acho que você pode atrair muito público sem ser pastelão, sem apelar para a comédia. O humor pode estar nas situações. Você não precisa estar fazendo palhaçada. É um filme que tem humor e amor”, defende Mônica Martelli, corroteirista do longa e autora do monólogo homônimo que o inspirou.

Há nove anos em cartaz, a peça já foi vista por mais de 2 milhões de pessoas. O texto do espetáculo fala sobre as desilusões amorosas de Fernanda, uma mulher de 39 anos que sonha com um companheiro. As histórias foram criadas com as experiências de vida de Mônica, que deu rostos aos ex-namorados na telona. Entre eles, estão o empresário bon vivant Robertinho (Humberto Martins), o senador com mau desempenho sexual Juarez (Eduardo Moscovis) e Nick, um estrangeiro que vive em meio à natureza em uma praia do Nordeste, vivido por Peter Ketnath, o alemão de “Cinema, Aspirinas e Urubus”.

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“Para fazer par comigo não dá para ser novinho. Tem de ser homem de verdade, ter pegada”, diverte-se a atriz, que sugeriu os nomes do elenco, à exceção do ator europeu, cujo convite partiu da produtora, Bianca Villar. “A gente mandou o texto, ele gravou o teste e mandou lá da Alemanha”, contou Mônica.

A artista não teme represálias dos ex-amores retratados. “Quando eu estava fazendo a peça, o cara da Bahia foi a São Paulo assistir e veio andando pelo corredor fazendo assim”, relembra a atriz, batendo palmas pausadamente e fazendo cara de brava. “Fiquei com vontade de desmaiar. O que inspirou o Robertinho me ligou e falou: ‘Estou griladão’. Depois, ele se sentiu orgulhoso, pois me conheceu ralando, fazendo teatro infantil”, minimiza.

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Sem o desespero de permanecer solteira da personagem, Mônica, 46 anos, abre um sorriso para dizer “estou namorando” e defende a ideia de debater o tema no cinema, por acreditar que o assunto não preocupa somente o público feminino.

“Não tenho medo de falar que quero um amor. Toda mulher quer, os homens também. Quem não quer dormir de conchinha? Falar que quer casar virou uma coisa menor. Eu sei porque minha mãe é feminista. A vida inteira, ela falou: ‘Trabalhe e seja independente’. Por isso, não tenha pudor em falar de amor. Se tivesse sido criada por uma mãe de miss, talvez. Tanto que nunca casei, deve ser um carma. Eu ainda assusto os homens”, palpita a atriz, que reforça o fato de medir 1,80 m. “Com isso, você já elimina 50% dos homens. É um problema sério. Agora, eu já abri mão da altura. Se for um pouquinho mais baixo, não tem problema.”

O humor do filme se concentra em Aníbal (Paulo Gustavo), sócio de Fernanda em uma agência de festas de casamento, que resmunga uma fala cômica a cada cena, e Nathalie (Daniele Valente), conselheira amorosa. O personagem gay tem trejeitos que lembram outros papéis do ator, que desta vez surge de peruca. “Foi ideia minha. Eu já tinha feito um gay em Divã. Não dá para fazer 50 tons de gay. Coloquei a peruca para mudar o personagem. Se você tirar, é o mesmo Renê. Não construí nada. Sou péssimo ator, uma farsa. Morro de medo de descobrirem que sou mau ator. Eu acabo fazendo a mesma coisa toda hora”, brinca Paulo Gustavo.

No segundo semestre, Mônica Martelli começa a gravar para o GNT a série de 13 episódios derivada de “Os Homens São de Marte…” e planeja uma continuação para a peça. “Por enquanto, se chama Minha Vida em Marte.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

OS HOMENS SÃO DE MARTE… E É PRA LÁ QUE EU VOU

Direção: Marcus Baldini. Gênero: Comédia (Brasil/2014, 106 min.). Classificação: 14 anos.