Os apuros de Lavínia

Lavínia Vlasak jura que não foi para a Record atrás de sua primeira protagonista. Às vésperas do término da bem-sucedida Prova de Amor, a atriz garante que apenas o que a seduziu é o que sempre a seduz num trabalho: a trindade autor/diretor/elenco. "Fui apenas atrás de uma grande história para contar", garante. Apesar de ter contado muitas histórias nos 10 anos em que trabalhou na Globo, ela estreou em Rei do Gado, em 1996, como a lânguida Lia Mezenga, Lavínia não emplacou sequer um papel de protagonista na antiga emissora. "Fazer minha primeira mocinha foi complicadíssimo. Precisei ter cuidado para que as pessoas tivessem compaixão e não tédio quando me vissem no ar", explica. Apesar de Clarice sofrer muito, Lavínia passou muito bem: teve tratamento de ator de primeiro time e encabeça um elenco repleto de ex-globais. Não por acaso, renovou contrato com a Record até 2009.

Mas houve dificuldades também. A maior que Lavínia encarou foi na passagem da primeira para a segunda fase da trama. A atriz conta que tentou imprimir um ar mais leve no início para que, quando viesse todo o sofrimento materno da personagem, ela pudesse aparecer de uma forma mais madura. "Graças a Deus, ninguém veio me dizer que ela ficou chata", diz, aliviada.

Mas a atriz não escapou ilesa do sofrimento pelo seqüestro de Nininha, filha de Clarice, vivida pela pequena Júlia Maggessi. Lavínia diz que sentiu que seu ânimo se alterou sensivelmente. Como costuma acontecer com as personagens interpretadas por Lavínia, Clarice deixa resquícios e rastros, como uma habitual dor de cabeça no fim do dia de trabalho. "Sempre levo a personagem para casa e fico me vestindo como ela durante um bom tempo. Agora vivo de vestidão e chinelinhos", exemplifica, descrevendo o figurino de Clarice.

Até hoje, a personagem que exerceu este tipo de influência com mais força foi a socialite Estela de Mulheres Apaixonadas, de 2003. Na pele da perua que se apaixonava por um padre, vivido pelo italiano Nicola Siri, a atriz assume que se sentia confortável envolvida nos pecados capitais que rodeavam a personagem. "Sou mesmo uma geminiana multifacetada. Adorei ser perua. Essas influências são quase esquizofrênicas. Ela era deliciosa, meio gayzinha…", compara, se referindo ao jeito exageradamente afetado de Estela.

Apesar da variedade de personagens, como sua primeira vilã, a Alice de Força de Um Desejo, de Gilberto Braga, Lavínia assegura que sua faceta mais recorrente não é o lado mulherão, mas a doçura e delicadeza que costuma "emprestar" a grande parte de suas personagens, tanto que a identificação de Lavínia com a atriz Audrey Hepburn não é incomum. Talvez esta mesma suavidade tenha impedido a atriz de viver papéis mais fortes e polêmicos na Globo. "Prefiro ser sempre a meiga do que me acharem uma mala", avisa a atriz, que acabou de completar 30 anos.

Para comemorar sua mais nova faceta balzaquiana, Lavínia pretende literalmente colocar as pernas para cima quando terminarem as gravações de Prova de Amor esta semana. Como não foi escalada para o seriado policial Dia Feliz, que será uma espécie de continuação da faceta policial de Prova de Amor, a atriz tem outros planos para os próximos meses. "Estou com vários filmes e livros na fila. Sempre que termino um trabalho, me esvazio inteira e me preencho em seguida com aulas de canto, dança, interpretação. Isso me alimenta", valoriza.

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