Ortinho faz referência à Jovem Guarda em seu 3º álbum

Ortinho guarda saudosas lembranças do carnaval em Caruaru, em Pernambuco. No eixo Rio-São Paulo, eram tempos da Jovem Guarda. Os ouvidos do então garoto sequer conheciam as canções de Roberto e Erasmo. A música regional estava presente na sua vida, com Zé Ramalho e Alceu Valença. Aos 40 anos, o músico não lembra exatamente a data, mas recorda que era época de carnaval, entre janeiro e abril, e que ele era muito jovem. “Foi antes de eu completar 10 anos”, conta.

Todos os anos, havia uma tradicional disputa para escolher a rua mais enfeitada na cidade. Havia uma rivalidade grande entre as ruas 27 de Janeiro e a 13 de Maio. O guri adorava. “Cada ano, uma ganhava”. Ali, da janela da sua casa, o garoto via, vidrado, o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, e sua sanfona. “De alguma forma, isso ficou gravado em mim e foi traduzido nos meus primeiros discos”, explica o músico, referindo-se aos álbuns “Ilha do Destino” e “Somos”, lançados em 2002 e 2006, que criavam um som que mais parecia uma metralhadora sonora e carregados de críticas sociais. Antes disso, ele fora o líder da banda Querosene Jacaré, uma mistura de todos os ritmos nordestinos com boa base de rock’n’roll.

Numa mistureba de ritmos e sons, Ortinho ressurge com um pop-rock e uma levada da Jovem Guarda, que ele só veio a conhecer depois de adulto. O músico, que lança agora o terceiro CD, parece ser outro. É leve, pop. Foi levado pela onda do iê-iê-iê, que tem sido cada vez mais lembrada pelos músicos contemporâneos. E nela encontrou sua direção, seu guia. Ortinho gosta de dizer que seu novo CD, “Herói Trancado”, “não veio para brincar, mas para confundir”. Não chega a tanto, mas trata-se de um disco bem direcionado. “É um divisor de águas na minha carreira”. As referências com o mangue-beat, por exemplo, estão lá, principalmente em “Saudades do Mundo”, com a voz de Jorge Du Peixe, atual vocalista e percussionista da banda recifense Nação Zumbi.

A referência à Jovem Guarda está presente em grande parte das onze canções. Culpa, em grande parte, da influência de Arnaldo Antunes, que, com seu disco “Iê Iê Iê”, do ano passado, criou um novo movimento jovem-guardista e do qual Ortinho é coautor de três faixas. Em retribuição, o ex-Titã assina três canções do novo disco do pernambucano: “Pense Duas Vezes Antes de Esquecer”, “Café Com Leite de Rosas” e “Retrovisores”. As duas primeiras também têm a parceria de Marcelo Jeneci – inclusive estão em “Feito Para Acabar”, recém-lançado álbum de Jeneci. São duas músicas com um pop-rock alegre. Já “Retrovisores” tem pegada mais soturna. “Você Não Sabe da Missa um Terço”, faixa que dava título ao disco do Querosene Jacaré, de 1998, ganha uma releitura atual. Ortinho finaliza o disco com “Já Fui Rei”, uma espécie de ciranda infantil. As informações são do Jornal da Tarde.

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