Orquestra não convenceu público leigo

Wolfgang Amadeu Mozart e Dmitri Schostakovich foram os compositores escolhidos pela maestrina cubana Elena Herrera para serem interpretados pela Orquestra Sinfônica do Paraná, dentro do projeto Teatro para o Povo, do Teatro Guaíra.

Domingo, 11h, teatro lotado. A  maestrina se apresenta para conversar com os presentes, de forma simpática e didática. Refere-se ao público conhecedor de música, mas principalmente aos leigos. Imagina-se que nessas apresentações a minoria já assistiu a um concerto ou sequer entrou no Teatro Guaíra. Conclui-se, pelo comportamento das pessoas. Elena explicou quem foi Mozart, falou dos seus 250 anos de nascimento. Fez um discurso bonito sobre as artes como pintura, escultura, teatro, literatura e música, comparando-as entre si. Explicou a linguagem musical, notas e intérpretes. Os grandes músicos criaram e a função deles, músicos e maestros, é fazer a leitura dessa linguagem universal. Muito bonito.

A peça que abriu o concerto foi a Sinfonia n.º 38 em ré maior (KV 504) Praga, de Mozart. Bonita sinfonia. Só que o público era leigo e a cada intervalo de movimento o povo aplaudia. Na primeira vez a maestrina voltou-se aos presentes e com leve aceno de cabeça e sorriso, agradeceu. Depois esperava os aplausos cessarem e continuava com os músicos. Isso aconteceu durante todo o espetáculo.

Aí cabe uma sugestão aos maestros que se apresentam a público leigo. Explicar que uma sinfonia, sonata, têm vários movimentos, que existe uma pequena parada entre eles e que o público só deve aplaudir quando o maestro se voltar para a platéia. Mas infelizmente isso não foi feito e aconteceram várias falhas nesse sentido. Isso foi constatado de forma mais intensa ao final do segundo movimento da Sinfonia n.º 1 em fá menor de Dmitri Schostakovich, quando piano e orquestra encerravam com três acordes vibrantes (acho que eram três), mas com pequenas pausas. Na primeira pausa o povo pensou que havia terminado e aplaudiu. A orquestra não se intimidou e continuou com os acordes faltantes, com os respectivos intervalos. Quando acabou o povo aplaudiu de novo. Só que não era fim da sinfonia, mas de um dos movimentos. Foi uma pena e fica a sugestão, construtiva, para que haja esse esclarecimento. Povo não tem curso de fomação de platéia. Também seria interessante escolher melhor o repertório. Peças interessantes, mas pesadas e cansativas, fazem as pessoas desistirem. Foi o que aconteceu: muita gente saiu antes da metade do concerto. Nenhuma peça foi vibrante ou sequer mais conhecida. Violino é um instrumento lindo, mas o Concerto n.º 5 para violiono e orquestra (KV 219) de Mozart não convenceu o público. Pesada demais e o solo do excelente violonista Cláudio Cruz foi perfeito, mas teria que ter sido, quem sabe, em outra ocasião.

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