Oratório em 11 Cantos volta em apresentação única

Oratoriosub.jpgNo dia 25 de abril, a comunidade judaica celebra o Dia do Holocausto, em memória das mais de 6 milhões de vítimas do holocausto durante a segunda guerra mundial. Como parte das celebrações desse dia, o Centro Israelita do Paraná, solicitou à Cia. Máscaras de Teatro, uma apresentação especial para seus associados, da peça Oratório em 11 Cantos, que mostra o julgamento dos carrascos nazistas do Campo de Auschwitz. A direção e adaptação do texto da peça são assinadas por Marino Jr., a partir de texto original do dramaturgo alemão Peter Weiss.

Apoveitando o ensejo dessa apresentação fechada para a comunidade judaica, o diretor resolveu promover uma segunda sessão nesta quarta-feira 26 de abril, aberta a todo o público. ?É uma maneira de tornar o texto ainda mais conhecido, propiciando que seja visto por um número maior de pessoas, pertencentes ou não à comunidade judaica e, ao mesmo tempo, uma forma que encontramos de também homenagear este dia tão significativo para a humanidade?, comenta Marino Jr.
 
Em Frankfurt (Alemanha), ocorre entre 20 de dezembro de 1963 e 20 de agosto de 1965 o processo contra esse grupo de militantes SS e funcionários do campo de concentração. Ao longo de 183 dias são ouvidas 409 testemunhas, 248 das quais escolhidas entre os 1500 sobreviventes do campo, que prestam seus depoimentos contra 18 acusados.

Em 1964 o dramaturgo alemão, de origem judia, Peter Weiss acompanhou o processo, visitou o campo, viu as figuras dos acusados e das testemunhas e assistiu à tentativa de imputar na justiça humana crimes inconcebíveis. ?Assim, encontramos material para a obra que deu origem ao nosso ?Oratório em 11 cantos? onde num verdadeiro inferno laico e contemporâneo, o espetáculo transcende a significância do processo e adquire o lirismo de uma tragédia antiga?, explica Marino Jr., responsável pela adaptação do texto e direção do espetáculo. ?apesar de termos adotado os fragmentos mais marcantes e emocionantes do texto, no espetáculo não é dita sequer uma palavra que não tenha sido pronunciada naquele julgamento no qual quase todos os acusados foram considerados inocentes?, conclui Marino.

Em 1965, a peça estreou concomitantemente nas duas Alemanhas e logo em seguida em diversos outros países. A reação foi imediata: ameaças de bombas, protestos, cartas para jornais. De um lado os que julgavam fundamental lembrar. Do outro os que achavam que era hora de esquecer. Peter Weiss disse nessa época que a partir dos campos a arte era impossível. Noções como o belo, a harmonia e tantas outras não faziam mais sentido. Era preciso desmistificar a arte, desmistificar os campos e desmistificar a sociedade que tinha gerado os campos. Os campos não eram um acidente de percurso.

Quarenta anos depois palavras como aptos, inaptos, excluídos, massacre, chacina e extermínio, ainda fazem parte do nosso vocabulário cotidiano e por isso trazer à cena fragmentos deste julgamento é tão importante. Com uma estética provocativa e atual a montagem pode ser classificada como uma tragédia sem catarse, onde a teoria de distanciamento de Brecht é aplicada de forma a tornar a palavra o elemento cênico mais forte.
 
?Oratório em 11 Cantos? foi um dos destaques do IX Festival do Teatro Lala Schneider, no qual foi vencedor dos prêmios de Melhor Ator segundo o voto popular, para Marcelo Capone e, segundo o júri oficial do evento, dos prêmios de Melhor Atriz para Adriana Sottomaior e Melhor Espetáculo.

O espetáculo faz uma única apresentação aberta ao público no dia 26 de abril às 21 horas, no Teatro Lala Schneider.

Serviço
Oratório em 11 Cantos
Única apresentação, nesta quarta feira (26/04) às 21 horas no Teatro Lala Schneider.
Rua 13 de maio, 629 ? Fone 3232-8108.
Ingressos: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (estudantes, idosos).

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