A saga do povo africano inspira o espetáculo "Ópera Pop Negra", que estréia dia 21 de julho (quinta-feira), no Teatro Regina Vogue, dentro da série Julho Lírico. A montagem, com direção geral de Isidoro Diniz e musical de Ivo Lessa, mistura o erudito e o popular, piano clássico com canções pop, percussão afro-brasileira e rap, entre outros elementos, numa narrativa musicada que resgata a história dos africanos. Canções populares brasileiras e norte-americanas compõem o repertório, que terá sua interpretação pontuada por duas atrizes, entre elas, Kátia Drumond, que também é assistente de direção.
Esta inserção teatral se encarregará de costurar o espetáculo, como conta Kátia. "As atrizes terão o papel de desconstruir os estereótipos que alguns destes temas apresentam em relação ao negro e apresentar alguns pontos da verdadeira história da África que ainda não foi mencionada na cultura ocidental, principalmente nas escolas de ensino médio e fundamental", revela. "O espetáculo não tem caráter didático, por isso utilizaremos o texto falado e musicado, incluindo o rap, elemento da cultura hip hop. Outros ritmos e estilos musicais ligados à cultura negra servem de base para o que chamamos de pop. Também estamos misturando o piano erudito e popular de Fábio Cardoso com a percussão de raiz afro-brasileira do Sandro de Oliveira e execução de Márcio Rosa".
O roteiro não traz uma história de alguns personagens. Traz no foco a saga de todo um povo. "Situamos a diáspora forçada africana e a distribuição, como mercadoria, deste povo pelas Américas. Algumas canções apresentam as diferentes situações que os africanos tiveram que passar em busca de sua liberdade, e outras mostram como eles eram apresentados pelos colonizadores", completa Kátia.
A escolha de músicas brasileiras e americanas ressalta a separação dos africanos imposta pelo mercantilismo de vidas implantado pelos colonizadores. "A intenção é contar um pouco da escravidão dos negros que foram para o norte e dos que vieram para o sul", conta Ivo Lessa. "O resultado dessa diáspora/separação aparece nas músicas de uma forma muito marcante, pois a forma como a escravidão se deu em cada lugar influenciou o comportamento desses povos. Mas, no fundo, os povos mantém uma identidade muito profunda: a sua força criativa e sua capacidade de resistência e transformação".
O espetáculo terá uma participação mais que especial do coral de Meninos Cantores de Angola, formado por jovens cegos. Eles estarão em cena em muitos momentos do espetáculo, cantando canções de autoria deles e outras do repertório. "Eles são a África dentro do espetáculo", explica Kátia. "Não estamos tentando comover o público pelo fato de serem especiais. Eles representam a parte física da África na ópera e a força da cultura negra. Por mais que sejam cegos eles têm a voz, e a oralidade é a coisa mais importante desta cultura. Isto ressalta a busca por eliminar os preconceitos por meio da música". A ópera traz no repertório canções de compositores como George Gershwin, Lorenzo Fernandez, Hekel Tavares, Francisco Mignone, Brasilio Itiberê II e Jerome Kern, entre outros.
Ivo Lessa conclui revelando que o público pode esperar um espetáculo alegre e vibrante. "Traz uma variedade de ritmos e melodias inesquecíveis, nas vozes poderosas de um baixo (Juarez De Miro), uma mezzo-soprano (Fátima Castilho) e duas atrizes (Geisa Costa e Kátia Drumond) que comandam o espetáculo".
Serviço
Ópera Pop Negra
(em homenagem a Glauco Souza Lobo)
Espaço Teatro Regina Vogue
Shopping Estação – 2º piso
Dias 21, 22, 23, 24 de julho (quinta a domingo)
28, 29, 30 e 31 de julho (quinta a domingo)
Horário: às 21h.
Ópera Pop Negra
4 minutos de leitura
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