‘Ópera do Malandro’ entra em cartaz no Theatro NET Rio

Ópera do Malandro, de Chico Buarque, vem ganhando montagens autorais ao longo do tempo, a julgar pelas encenações assinadas por Luís Antônio Martinez Corrêa, em 1978, Gabriel Villela, em 2000, e pela dupla Charles Möeller/Claudio Botelho, em 2003. Agora, a Ópera desembarca em nova versão, a cargo de João Falcão. O espetáculo fará três pré-estreias (marcadas para esta quinta-feira, 17, sexta, 18, e domingo, 20) no Theatro Municipal do Rio. A temporada começa no dia 7 de agosto, no Theatro NET Rio.

Inspirado em A Ópera do Mendigo, de John Gay (obra de 1728), e A Ópera dos Três Vinténs, de Bertolt Brecht e Kurt Weill (de 1928), Ópera do Malandro conta a história do contrabandista Max Overseas, que casa com Teresinha de Jesus, filha de Fernandes de Durán e Vitória Régia, casal que lucra com uma rede de bordéis na Lapa da década de 1940. Com esse enredo, Chico ambiciona falar sobre o Brasil do fim dos anos 1970, mas transporta a ação para o passado.

A ideia da nova Ópera do Malandro deve ser creditada à Sarau, agência que comemora 20 anos. O intuito também é celebrar outra data redonda: os 70 anos de Chico Buarque. Apaixonado pela obra do cantor e compositor, João Falcão aceitou o convite. “Admiro Chico desde que tinha 8 anos. Meus irmãos compravam discos dele. Sou fascinado pelo modo como une música e poesia”, assume João, que encenou Cambaio, cuja trilha sonora foi composta especialmente por Chico e Edu Lobo, em 2001.

De início, Andréa Alves, diretora da Sarau, não pensou na Ópera do Malandro. “Planejava montar Calabar. Acabamos adiando o projeto”, informa ela, mencionando o original de Chico Buarque e Ruy Guerra. Ao optar pela Ópera, Andréa não temeu o fato de a obra ter sido revisitada na primeira década do século 21. “Decidimos por uma abordagem diversa”, justifica. As especificidades desse espetáculo podem ser percebidas em determinadas operações feitas por João. “Neutralizei referências ao final da década de 1970”, afirma o diretor, que fez poucas alterações na peça. Seja como for, incluiu canções do álbum Malandro, de Chico Buarque, e do filme de Ruy Guerra, de 1985.

Entretanto, o que mais distingue essa Ópera das anteriores é a formação do elenco, composto por 13 atores e uma única atriz. Enquanto os atores se desdobram entre personagens masculinos e femininos, a atriz (Larissa Luz) interpreta João Alegre, narrador da peça, nome que evoca John Gay. A proximidade com a formação de Gonzagão – A Lenda, musical de João Falcão que reunia um time de atores e uma atriz (Laila Garin), não é coincidência. Afinal, João firmou no espetáculo anterior uma companhia, intitulada A Barca dos Corações Partidos. Em Ópera do Malandro, seguiu trabalhando com alguns atores de Gonzagão e completou o elenco com outros, escolhidos por meio de audições. Entre os novos integrantes estão Moyseis Marques e Leo Bahia.

O primeiro, que interpreta o protagonista, Max, faz sua estreia como ator. “Tive um flerte com teatro no colégio. E participei do núcleo de teatro da Escola Técnica Federal de Química. Prestei vestibular para a Escola Martins Pena, mas não passei. Um colega sugeriu que eu estudasse música. Foi o que eu fiz. O ator, então, adormeceu em mim”, explica Moyseis, bastante próximo, porém, do universo descortinado na Ópera do Malandro. Basta dizer que cresceu profissionalmente nos bares da Lapa. “A história da Lapa se confunde um pouco com a minha. Recebi o convite para gravar meu primeiro disco no Carioca da Gema. Fui morar no bairro no fim dos anos 1990. Era um lugar para jogar sinuca, beber cerveja barata, entrar em contato com um samba menos conhecido. No decorrer da última década, a Lapa ficou mais badalada”, avalia Moyseis. Já Leo Bahia foi revelado na montagem universitária de Rubens Lima Jr. para The Book of Mormon, que se transformou num sucesso e ultrapassou os muros da UniRio. Bahia pediu para participar das audições para Ópera do Malandro e conquistou o papel de Lúcia, rival de Teresinha.

João Falcão também dá continuidade à parceria com o diretor musical Beto Lemos, com quem trabalhou em Gonzagão. Ambos não se acomodaram. “As músicas e os arranjos são maravilhosos. Nós procuramos desmembrá-los. Às vezes, a música vem no meio de diálogos. Em outras ocasiões, fundimos mais de uma canção. Estas propostas surgem com a estrutura da cena”, observa Lemos, acerca das 25 músicas inseridas no espetáculo – entre elas, Muchachas de Copacabana, Tango do Covil, Teresinha, O meu Amor, Geni e o Zeppelin e Pedaço de Mim. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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