Onda espírita no cinema aumenta venda de livros

Em 2008, o sucesso além do esperado de “Bezerra de Menezes – O Diário de um Espírito”, uma produção despretensiosa que acabou vista por 505 mil brasileiros, já havia chamado atenção para o apelo dos filmes com temáticas espiritualistas. Este ano, com o centenário do médium Chico Xavier, assuntos como vida pós-morte, reencarnação e psicografia estão tomando os cinemas – vão de “Chico Xavier, O Filme”, dirigido pelo ateu Daniel Filho e visto por mais de 2,7 milhões de brasileiros em um mês, a projetos menores, tocados por produtores e diretores espíritas que, mais do que lucrar, desejam ver mensagens edificantes espalhadas por aí.

O ‘fenômeno’ tem reflexos no mercado editorial: a biografia “As Vidas de Chico Xavier” (Planeta), do jornalista Marcel Souto Maior, na qual o filme é inspirado, está sendo reimpressa com uma tiragem de 30 mil exemplares, tamanha a procura nas lojas. O livro está em quinto lugar nas listas dos mais vendidos, na categoria ‘não-ficção’ e será relançado pela Leya em junho. Em segundo lugar, aparece outro de Souto Maior, “Chico Xavier – A História do Filme de Daniel Filho” (Leya), com fotos e lances interessantes do set. Há quem vá do cinema direto para a livraria.

As publicações atribuídas a espíritos e psicografadas pelo médium também estão saindo como nunca. “Não só as vendas dos livros estão crescendo por causa do filme, mas também o número de pessoas que procuram as casas espíritas”, conta Geraldo Campetti, diretor executivo da Federação Espírita Brasileira, que edita 88 dos 412 livros que Chico psicografou. O best-seller é “Nosso Lar”, com dois milhões de exemplares. O título também virou filme, dirigido por Wagner de Assis e com Othon Bastos e Rosanne Mulholland no elenco. A estreia está prevista para setembro.

Espírita, o empresário Luiz Eduardo Girão, produtor de “Bezerra de Menezes” e co-produtor de “Chico Xavier”, não enxerga nas muitas iniciativas uma ‘onda’ que passará ao virar o ano. “É um gênero que veio para ficar. O Brasil vai acabar exportando esses filmes. O verdadeiro Pré-Sal brasileiro é essa literatura espírita”, arrisca Girão, que cita os livros da médium Zibia Gasparetto (12 milhões de exemplares vendidos) como fontes de inspiração para novos roteiros. Dois deles já estão sendo desenvolvidos para o cinema: “Ninguém É de Ninguém” e “Pelas Portas do Coração”.

Dirigido pelos cearenses Glauber Filho – que assina também “Bezerra de Menezes” – e Halber Gomes, “As Mães de Chico Xavier” começou a ser rodado mês passado em Guaramiranga, a 110 quilômetros de Fortaleza. O lançamento deve ser no fim do ano. Mais uma vez, Nelson Xavier vive Chico. Tem mais: filmado em Itapira (SP), “E a Vida Continua”, com direção do ator Paulo Figueiredo e baseado em obra de Chico, deve sair em junho.

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