Toda terça-feira, desde o fim de dezembro, o grupo Olodum realiza seus tradicionais ensaios de verão, no Pelourinho, em Salvador. É o ponto alto da chamada Terça da Bênção da cidade e a oportunidade para o grupo de testar as novidades que serão apresentadas durante o carnaval.
Este ano, porém, os ensaios são especiais: o grupo prepara-se para o 30º desfile pelos circuitos carnavalescos, experimenta novos temas nas canções e ainda tem de encarar um sentimento misto de comemoração e pesar às vésperas da maior festa popular do mundo.
Em abril de 2009, o Olodum completou o 30º aniversário. Pouco depois, porém, o grupo originalmente formado apenas para ser um bloco carnavalesco dos habitantes do Pelourinho – então um bairro de classe média-baixa da capital baiana – viu partirem dois de seus maiores ídolos e divulgadores.
Em 25 de junho, morreu o norte-americano Michael Jackson. Quatro meses mais tarde, em 31 de outubro, foi a vez do músico baiano Antonio Luís Alves de Souza, o Neguinho do Samba.
Mesmo antes das mortes, os administradores do Olodum sabiam que o período entre 2009 e 2010 seria de desafios. Na pauta, o lançamento de um CD – o primeiro com canções inéditas desde 2005 -, os preparativos para o 30º carnaval e a tentativa de reafirmação da trajetória da banda nos mercados brasileiro e internacional.
“Banda Olodum”, com nove novas canções – além de quatro regravações -, mostra que perdem força as referências a Salvador. “A gente já falou demais do Pelourinho”, avalia o diretor de Eventos do grupo, Jorge Rodrigues. “O novo trabalho é mais comercial, espelhando o que está sendo feito na música da África.”
O tema do 30º carnaval, Índia, Brasil, África do Sul – A terceira visão, é uma síntese da aposta da banda na convergência cultural com outros países. O novo CD está disponível apenas para distribuição e as canções podem ser baixadas no site da banda. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.