São 35 anos de carreira. Olivia Hime diz não se apegar muito a datas. Afirma que essa contagem de sua trajetória na música é feita antes mesmo de lançar o primeiro disco, que leva seu nome, em 1981. “Lancei dois compactos duplos antes”, reforça. Incentivada por sua equipe da gravadora Biscoito Fino, da qual é sócio- fundadora e diretora artística, a cantora e compositora carioca, de 72 anos, decidiu ceder à ideia de fazer um projeto comemorativo. Assim, nasceu o disco Olivia Hime e Amigos, lançado pela Biscoito, e no qual ela mira para trás, reunindo gravações de duetos que fez ao longo de sua discografia.
“Não sou uma pessoa muito ligada à compilação, a não ser que essa compilação seja feita pelo artista, e que faça algum sentido, histórico, musical”, define. Foi esse pensamento que a norteou. “Isso me agrada: juntar quem já cantou comigo, há arranjadores preciosos. Então, é coerente com meu trabalho. Vejo esse disco como se fosse um álbum novo.”
Olivia colheu registros desde seu disco Segredo do Meu Coração, de 1982 – o segundo da carreira -, do qual pinçou Pra Você Que Chora (Edu Lobo/Gianfrancesco Guarnieri), em que canta com Edu Lobo, até o álbum Palavras de Guerra, de 2007, cujo repertório é dedicado à obra do cineasta e compositor Ruy Guerra. Desse disco-tributo ao amigo, extraiu seus duetos com Olivia Byington, em Bárbara (Chico Buarque/Ruy Guerra); com Nilze Carvalho, em Corpo Marinheiro (Francis Hime/Ruy Guerra); com o marido Francis Hime, em Último Retrato (Francis/Ruy Guerra), e com o próprio Ruy em Fortaleza (Chico Buarque/Ruy Guerra).
Há ainda encontros com outros amigos: Lenine, Dori Caymmi, Djavan, Chico Buarque, Milton Nascimento e Sérgio Santos. Com essa compilação, além de ‘recuperar’ os parceiros que foram fundamentais em sua vida e obra, Olivia revela sua incursão por um amplo campo de ritmos, com uma abordagem elegante e um entusiasmo pelo cancioneiro brasileiro. A passagem do tempo aponta também seu amadurecimento como intérprete.
Enquanto a Olivia compositora atua comedidamente, respeitando seu próprio tempo, a Olivia intérprete já pensa, também calmamente, no próximo disco, que deve ficar para 2016, contemplando três compositores: Dori Caymmi, Francis Hime e Edu Lobo.