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Oi Nóis festeja 39 anos com versão de ‘A Tempestade’ feita por Augusto Boal

O monstro que surgiu para o mago Próspero na peça que sepultou Shakespeare não é a mesma criatura para o dramaturgo carioca Augusto Boal. Durante o exílio, em 1974, o autor revisitou A Tempestade para além da magia e mais perto da colonização da América do Sul.

Em comemoração aos 39 anos da companhia, os gaúchos da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz deságuam na alegoria Caliban – A Tempestade de Augusto para falar de exploração e de conservadorismo com apresentações nesta quarta-feira e quinta, dias 2 e 3, no Sesc Campo Limpo.

Se na peça de Shakespeare a trama de vingança e retomada do poder sacode a ilha e seus moradores, na obra de Boal, é Caliban que se opõe às seduções dos recém-chegados. “É possível dizer que na época em que Boal escreveu, o projeto de desestabilização da América Latina estava em franco desenvolvimento”, conta a atriz Tânia Farias sobre o projeto selecionado pelo edital Rumos do Itaú Cultural. “Ainda vivemos isso e não sabemos até quando.”

O que mais impressiona na montagem que estreou nas ruas de Campina Grande, na Paraíba, é perceber a tradição da companhia na vasta criação de adereços e cenografia concebidos no grande galpão no bairro de Floresta. É de quatro grandes armários de metal que o grupo retira uma variedade de figurinos, com os quais explora formas populares com clowns, teatro ritual e música ao vivo. “São elementos que nos interessam e com que trabalhamos ao longos dessas três décadas”, explica Paulo Flores, um dos fundadores do grupo. “Nessa montagem, existe uma mescla de materiais e sons que se comunica com o teatro de rua.”

Para Tânia, a temporada que prossegue para outros Estados do País confirma a vocação do dramaturgo em pensar os ciclos políticos e sociais no Brasil. “Queremos ir contra a mentalidade de que a América do Sul nunca poderá pensar por si mesma, criar seu próprio mercado e as próprias parcerias. Nosso Caliban é mais forte.”

CALIBAN – A TEMPESTADE DE AUGUSTO BOAL

Sesc Campo Limpo. Rua Nossa Sra. do Bom Conselho, 120. Tel.: 5510-2700. 4ª e 5ª, 20h. Grátis.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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