Há um antes e um depois na carreira de Roberto Santucci. É preciso tomar por base o ano de 2010. Santucci fez um filme chamado “Sequestro Relâmpago”, que até hoje tenta exibir. Já havia feito, anos antes, “Bellini e a Esfinge”, que era bem interessante, além de ser interpretado por Malu Mader e Fábio Assunção. O fracasso foi tão grande – de público – que o filme pode ser citado como prova irrefutável de que nem tudo que é Globo (o elenco) reluz na bilheteria. Há apenas três anos, Santucci fez, no mesmo ano do “Sequestro”, “De Pernas pro Ar”, e aí foi um estouro.
O filme arrebentou nas bilheterias e transformou Santucci no Midas do cinema brasileiro, posição que vem mantendo através de “Até Que a Sorte nos Separe” e “De Pernas pro Ar 2”. Até os críticos, que torciam o nariz para ele, agora descobriram – ufa, enfim! – que seu cinema faz relevantes observações sociais. A mulher moderna, dividida entre o amor e a carreira, a família e o sucesso, é uma personagem que se repete em seus filmes. Ela volta em “Odeio o Dia dos Namorados”, que estreia nesta sexta-feira, 07, em 320 salas, a maioria com cópias em película. “O mercado digital está tomado por O Grande Gatsby”, informa a produtora Maíra Lucas, da produtora Glaz. Ela é, como se diz, a mãe da criança.
Ao conversar por telefone com a reportagem, na terça-feira à noite, Santucci estava a caminho do aeroporto. Foi para Las Vegas, em busca de locações para “Até Que a Sorte nos Separe 2”, que roda no segundo semestre. O diretor confirmou que foi contratado para fazer “Odeio Dia dos Namorados” e que a tal mulher moderna já estava no pacote – embora, com o roteirista Paulo Cursino, ele tenha se esmerado em aprimorar a personagem. “Resolvemos, inclusive, fazer a personagem de Heloisa Perissé contra a da Ingrid Guimarães em De Pernas pro Ar 1 e 2. Parecem a mesma, mas diferem em relação ao amor e ao sucesso.”
Desde o início, a ideia da produtora Maíra Lucas e seus associados na Glaz era fazer uma comédia de fantasmas. Havia um vago modelo – “Os Fantasmas se Divertem”. Heloisa Perissé seria um Bill Murray de saias. No filme, ela virou uma megera ao se dedicar inteiramente à profissão. Sofre um acidente e, nos segundos em que vê sua vida passar diante dos olhos, tem um cicerone – o antigo sócio, interpretado por Marcelo Sabac, outro parceiro de Roberto Santucci. Sabe a bicha má da atual novela das 8, na Globo? Sabac é a bicha boa de “Odeio Dia dos Namorados”, mas Heloisa Perissé fica o tempo todo dizendo que é má – porque Sabac a confronta com sua vida miserável.
Santucci busca outros projetos e pode ser muito bem que venha a fazer um filme sobre Marcos Valério – ‘o’ Marcos Valério -, mas antes disso está comprometido com “Até Que a Sorte 2” e “De Pernas 3”. Interessa-lhe melhorar o timing de suas comédias, o acabamento – e os efeitos, que a trama de fantasma, com acidente e tudo, impõe a “Odeio o Dia dos Namorados”. “Meu objetivo é a qualidade, com frescor”, resume. O fantasma remete ao “Conto de Natal” de Charles Dickens – cujas adaptações para o cinema Santucci admite não gostar (muito). Aqui ele só tem elogios para Cursino, Sabac e Heloisa Perissé. “A Heloísa é ótima na transição da comédia para o drama, e foi valiosa reescrevendo o diálogo da cena final no restaurante, que ficou melhor graças a ela.”
A grande novidade de “Odeio o Dia dos Namorados” é que não é uma comédia como as outras de Santucci. É mais romântica, com um pé no drama. Ele sabe disso, sua produtora também – e ambos estão ansiosos para saber qual será a resposta do público. Pode ser, é, sua comédia mais bem realizada. É homônima de outra com Nia Vardalos. “Nosso título era Dia dos Namorados, mas o público rejeitava”, diz a produtora. “Tentamos quatro ou cinco opções, nada deu certo. Ficamos com ‘Odeio’, a comédia norte-americana é ‘Eu Odeio’. Sinaliza para o que é, uma comédia, e o público fica mais curioso para ver”, arremata Maíra. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
ODEIO O DIA DOS NAMORADOS
Direção: Roberto Santucci. Gênero: Comédia (Brasil/2013, 92 min.). Classificação: 14 anos