A partir de amanhã, cerca de oitenta telas do pintor Candido Portinari, considerado o maior expoente da pintura modernista e falecido no ano de 1962, serão reproduzidas em canvas (mesmo tipo de tecido utilizado para se fazer as obras originais) pela empresa paranaense Recriar. Recentemente, a reprodução foi autorizada pela família do artista, devendo ser realizada através de uma técnica conhecida como RCR (Reprografias Certificadas Recriar).
“É uma técnica bastante moderna, que garante que a reprodução tenha a mesma visibilidade da obra original. Através da RCR, é possível perceber até as pinceladas presentes nas telas e garantir a fidelidade das cores utilizadas”, diz o empresário e fundador da Recriar, João Rezende. “A partir da próxima semana, as reprografias dos quadros de Portinari serão disponibilizadas ao público em geral, decoradores, moldureiros, lojas de móveis e de presentes. A ideia é que sejam comercializadas em todo País”.
A Recriar conseguiu licenciamento sobre todas as cerca de 5.000 obras de Portinari. Porém, as mesmas irão passar por um processo gradativo de liberação de imagem. Atualmente, a paranaense é a única empresa no Brasil autorizada a reproduzir os quadros do pintor. “Portinari pintava suas obras para o povo, mas lamentava que o povo não tinha dinheiro para comprá-las. Com as reproduções, não temos a intenção de tomar o espaço das telas originais. Porém, a partir de agora, será possível ter em casa quadros de Portinari por valores a partir de R$ 100,00. Em leilões realizados na Inglaterra, telas originais do artista chegaram a ser comercializadas por US$ 1,5 milhão”.
As reproduções realizadas pela Recriar têm o aval da família de Portinari, que irá receber uma porcentagem sobre a comercialização das mesmas. Segundo o filho único do pintor, João Candido Portinari, que vive no Rio de Janeiro, o dinheiro irá ajudar a manter o Projeto Portinari, criado há trinta anos e através do qual os quadros foram catalogados. “Há trinta anos, percebi que 95% da obra de Portinari estava escondida do grande público, presente apenas em coleções particulares. Isto estava fazendo com que meu pai fosse se tornando invisível e com que a memória dele fosse se perdendo. Foi isso que deu origem ao projeto, que realizou levantamentos e catalogou 4.991 obras de Portinari, além de 30 mil documentos pertencentes a ele”, afirma.
Agora, com o início das reproduções, João Cândido acredita que o povo brasileiro terá a oportunidade de conhecer melhor o trabalho de um dos maiores pintores não só do Brasil, mas do mundo. “O foco das reproduções não deve ser Portinari, que já morreu. O trabalho que está sendo realizado pela Recriar deve servir ao povo brasileiro, dando a ele a oportunidade de ter acesso a um grande retrato de sua história”.
