Ícone da arquitetura moderna no Brasil, Oscar Niemeyer recebe nova homenagem pela passagem de seus 100 anos de vida.
A exposição Oscar Niemeyer: trajetória e produção contemporânea 1936-2008 enfatiza o modo como o arquiteto concebe, projeta e detalha suas obras, por meio de croquis e desenhos livres e técnicos, além de numerosas maquetes que fazem parte da elaboração arquitetônica de Niemeyer. As obras em exibição traçam um panorama dos projetos do arquiteto desde 1936 até os mais recentes e inéditos.
Estão reunidos 48 projetos arquitetônicos, destancando-se alguns recentes como o Museu de Brasília, o Auditório do Ibirapuera, o Pavilhão da Serpentine (Londres, Inglaterra), e o Museu de Arte Contemporânea de Niterói.
Para ilustrar projetos anteriores já consagrados, o curador da mostra, Lauro Cavalcanti, incluiu a Universidade de Constantine (Argel, Argélia 1969) e a sede do Partido Comunista Francês (Paris, França 1965). O visitante poderá apreciar também projetos novos e inéditos, criados ao longo de 2007. Esses projetos estão representados pelo Parque Dona Lindu em Boa Viagem, no Recife, e dois planos para Brasília: a Praça do Povo, ?uma das mais belas coberturas curvas jamais concebidas na história da arquitetura?, que completa o conjunto da Esplanada dos Ministérios, e a Torre TV Digital, cuja base, situada a 250 metros de altura, ?propicia uma vista panorâmica e definitiva da capital federal?.
Entre as obras ainda estão em exibição 19 maquetes, uma escultura em metal – Forma no Espaço – 5 de três metros de altura, que integra o acervo do Museu Oscar Niemeyer, uma peça de mobiliário A Marquesa – e 80 desenhos e documentos originais, incluindo escritos de Niemeyer, pertencentes ao acervo da Fundação Oscar Niemeyer.
A exposição
A mostra é aberta por uma linha do tempo ilustrada pelas maquetes dos principais projetos, além de desenhos e frases curtas do arquiteto que conduzem o espectador pela trajetória de Niemeyer. Como marcos desse produtivo caminho, Pampulha e Brasília têm destaque especial. ?A primeira marca o nascimento de uma linguagem autônoma brasileira, e a segunda, projeto urbanístico de Lúcio Costa e arquitetura de Niemeyer, é a única grande cidade do mundo inteiramente concebida dentro de princípios modernos?, afirma o curador Lauro Cavalcanti.
Por essa importância, uma sala especialmente montada apresenta 50 fotografias de Pampulha e Brasília, realizadas pelo francês Marcel Gautherot e escolhidas por Niemeyer para comporem sua coleção pessoal, nunca antes exibida em sua totalidade, segundo Cavalcanti. ?É um modo de homenagear o grande fotógrafo, assim como evidenciar a cumplicidade entre Gautherot e Niemeyer, que participava diretamente da seleção dos ângulos e das perspectivas para a documentação de sua obra.?
O segmento seguinte, A vida é mais importante que a arquitetura, é dedicado ao ?engajamento político de Niemeyer face às injustiças do mundo e de seu apreço pelas curvas femininas?, ilustrados pelos desenhos, croquis e textos. Depois de superar muitos de seus mestres, Oscar Niemeyer tornou-se mestre de toda uma geração de novos profissionais no Brasil e no exterior.
Para representar essa influência, pela exposição há depoimentos de outros nomes da arquitetura contemporânea mundial que registram, em citações de obras, a busca de inspiração e de referências na obra do criador de Brasília. Entre os arquitetos estrangeiros estão Zaha Hadid, Richard Rogers, Richard Meier, Fumihiko Maki, Arata Isozaki, Toyo Ito, Renzo Piano, Cesar Pelli e Mario Botta, entre outros.
Oscar Niemeyer continua trabalhando diariamente na sala de fundos de seu escritório, na cobertura de um dos prédios mais antigos da Avenida Atlântica, em Copacabana. ?Ele escolheu o espaço sem vista para não se distrair com as tão amadas curvas da praia e das montanhas do Rio? para que possa se dedicar à intensa produção de textos, prédios, esculturas e estruturas urbanas. ?Como alguém que não dispõe de tempo a perder?, finaliza Cavalcanti.
Serviço
Exposição Oscar Niemeyer: trajetória e produção contemporânea 1936-2008. Dia: 25 de abril a 17 de agosto. Local: Museu Oscar Niemeyer (Rua Marechal Hermes, 999 – Centro Cívico). Telefone: (41) 3350-4400. Horário: de terça a domingo, das 10h às 18h. Preços: R$ 4,00 adultos e R$ 2,00 estudantes.
