Fotos: Divulgação |
Parque Nacional do Superagüi: remo em uma canoa em tronco de madeira da região. continua após a publicidade |
Valorizando a demonstração plástica da fotografia, aos 35 anos de carreira, o fotógrafo Araquém Alcântara publicou, no final de 2006, uma obra recheada de imagens emblemáticas da maior porção contínua de Mata Atlântica do País. Chamada Lagamar, a região está situada entre os estados do Paraná e São Paulo. Os caiçaras chamam o local de Mar de Dentro, título utilizado pelo autor para nomear o livro. Em 138 páginas, a obra editada pela Bookmen registra a natureza e sua incrível biodiversidade tomada por florestas, baías, manguezais, ilhas e praias desertas.
Em tomadas de imagem realizadas em Morretes, Antonina, Paranaguá, Guaraqueçaba e Superagüi, no Paraná, e Ilha do Cardoso, Cananéia, Ilha Comprida e Iguape, em São Paulo, a fotografia de Alcântara retrata a natureza com expressão plástica. A obra conta com textos de Otávio Rodrigues, conhecedor do trabalho de Araquém, em um trabalho de pesquisa de Paulina Chamorro. Os capítulos são dispostos em O mundo de Lagamar, Mata Atlântica: uma exploração histórica, Um olhar sobre a região e Uma visão de futuro para Guaraqueçaba. Realizado pela Audi do Brasil, a edição traz tradução em inglês.
No texto de apresentação, assinado pelo presidente da Audi do Brasil, Frank Segieth, a obra lembra da famosa Carta de São Vicente, escrita pelo espanhol Padre José de Anchieta, que descrevia o litoral atlântico brasileiro. Desse ponto em diante, o leitor observa um entardecer com barcos pesqueiros, imagens aproximadas da flora, como a bromélia de chão, que chega a conter 4 litros de água na roseta foliar. A cada página, as fotografias são acompanhadas de pequenas descrições da imagem com descrição de suas figuras.
Ilha do Pinheiro: papagaio-da-cara-roxa. |
Alcântara busca a proximidade dos habitantes do Lagamar e com o uso da luz medida com exatidão, dá à obra uma seqüência de vida no ritmo lento em que a vida evolui no local. A solidão do ambiente revela a existência da natureza prevalecendo sob sua única forma – viver, imutável, e para si própria. Redes de pesca secam ao sol e o artesanato manejado em violas fandangas são a única interferência humana. Assim, o ser humano coexiste com lagartos, antas e onças-pardas.
Em muitas imagens a natureza camufla ou pede para ser vista, elevando sua forma de existir a um nível impressionista, como na imagem registrada em um amanhecer. A umidade registra uma teia de aranha revestida de orvalho. No centro de sua teia, o amarelo do aracnídeo vira uma mira centrada pela teia, que mostra círculos brancos desenhados em gelo.
Com mais de 20 livros publicados e 200 exposições realizadas, Alcântara é considerado atualmente um dos fotógrafos de natureza mais importantes no Brasil. Desde a década de 70, o foco de suas lentes é ajustado para registrar a biodiversidade brasileira, seu acervo é referência obrigatória para pesquisadores, ambientalistas e estudiosos. Além de Mar de dentro, o autor recém-publicou outros dois livros: Grande floresta, pela Editora TerraBrasil, com imagens contundentes e depoimentos de especialistas que registram o processo de destruição da Amazônia; e Histórias de um fotógrafo viajante, editado pelo Terceiro Nome, em um relato das inúmeras viagens empreendidas para desvendar o Brasil.