Obra do Chelpa Ferro é a sensação da Bienal de SP

A árvore, carregada de vagens secas, é encontrada facilmente nas ruas de diversas regiões do Brasil. Agora, não só nas ruas. A árvore acaba de ganhar espaço num canteiro mais inusitado: uma galeria da 26.ª Bienal de Arte de São Paulo. O responsável é o Chelpa Ferro – formado pelos artistas plásticos Luís Zerbini e Barrão, pelo editor de cinema Sérgio Mekler e pelo produtor musical Chico Neves -, que montou uma “instalação sonora” usando seus galhos e motores para sacudi-los.

Mais que causar surpresa (afinal, o que ainda surpreende numa Bienal de São Paulo?), a obra vem sendo considerada um dos destaques da mostra e chama atenção para o grupo, que este ano consegue o raro feito de participar de duas bienais seguidas. A instalação que está na Bienal foi exibida, há um ano no Museu de Arte Moderna do Rio, e na época já chamava atenção. Os galhos, que fazem um som ao serem sacudidos por motores acionados pelo público, mereceram elogios.

“Tivemos a idéia e pensamos se seria possível. Vimos que era e fizemos. A árvore era familiar para a gente, Luís já pintou ela algumas vezes. E é familiar para o público também”, disse Barrão.

As experiências sonoras do grupo já passaram pela “destruição percussiva” de um carro, performance apresentada na abertura da Bienal de 2002. Armados de baquetas, eles batiam na lataria do veículo preparado com microfones, criando ritmos enquanto ele se deteriorava. A performance foi gravada em vídeo e depois exibida, ao longo da Bienal, ao lado do carro amassado e das baquetas.

Esculpir o som com galhos que chacoalham e batuques em latarias é algo perfeitamente coerente com a história do Chelpa Ferro, um grupo nada ortodoxo, que nasceu em 1997 para gravar um disco sem ter nenhum músico em sua formação. O resultado foi o disco que leva o nome do grupo, uma sucessão de colagens eletrônicas – definidas por Lulu Santos, na época, como “música textural, não formatada, uma trilha sonora para a vida andar”. O trabalho de artes plásticas veio depois, na trilha do álbum.

Do que viu na mostra, Barrão destaca as obras dos colegas brasileiros Ivens Machado, Beatriz Milhazes e Arthur Barrio. Entre os estrangeiros, aponta o americano Tom Sachs, o alemão Julian Rosefeldt, o inglês Simon Starling e a cubana Geysell Capetillo. Nesta última, ele vê familiaridades com as experiências do Chelpa Ferro.

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