Um dos mais importantes romances poloneses das últimas décadas, Querido Franz, de Anna Bolecka (tradução de Tomasz Barcinski, Editora Record, 400 páginas), traz uma imaginária correspondência entre Franz Kafka – gênio criador de obras fundamentais como O processo e A metamorfose -, seus amigos e suas amantes. A autora, portanto, vale-se de uma narrativa epistolar para retratar a vida do escritor checo, suas obsessões e a cultura judaica na Europa.
Considerado um dos mais importantes romances poloneses das últimas décadas. Querido Franz se passa em Praga, Berlim e Viena, entre 1911 e 1947. Nesse contexto, Anna Bolescka apresenta um homem em busca do amor e da autoridade divina, aprofundando seus estudos sobre a cabala e olhando para o teatro judaico. Contudo, os temas abordados são baseados em fatos da biografia de Kafka e nos motivos da sua criatividade.
Nas cartas ficcionas trocadas entre Felicja, Greta, Milena, Dora, Max, Loeb, Hugo, Otto e outros, Franz se transforma numa figura mítica, adorada e ao mesmo tempo desconcertante e impenetrável, que fascina a todos até os dias de hoje. Franz se retrata em cada carta, revela seus sonhos. Seus problemas amorosos, suas experiências eróticas, seu estado físico e psicológico, fatos triviais do seu cotidiano e outros que mudaram o curso de sua vida. Mesmo após sua morte, em 1924, a correspondência continua e o leitor é convidado a conhecer diversas opiniões sobre a obra de Kafka e sobre as lendas que cercam sua vida.
Dois mundos se abrem diante dos olhos do leitor: um real e outro imaginado, metafísico, emocionante. Bolecka traça um panorama vívido da História – os efeitos da I Guerra, o até então colorido mundo dos judeus europeus, aniquilados pela II Guerra, entre outros fatos aparecem refletidos na correspondência.
Uma obra-prima sobre a tragédia humana, destino e culpa, ruína e salvação, amor e perdão, sobre a gravidade da morte e da vida.
Anna Bolecka nasceu em Varsóvia, em 1951. É também autora de Lec de Nieba, uma coletânea de contos; Bialy Kamien, um romance best seller na Polônia e que foi traduzido para diversas línguas e foi o vencedor do prêmio Wladyslaw Reymont.