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Obra de Agnès Varda, ‘Visages Villages’ concorre ao Oscar de documentário

Em Cannes, em maio passado, Agnès Varda recebeu uma Palma de Ouro especial. No fim do ano, a Academia de Hollywood outorgou-lhe um Oscar especial. Pouco antes, ela havia sido homenageada na Mostra de São Paulo. Agnès, que completará 90 anos em maio, vive um período intenso de reconhecimento. Seu amado marido – Jacques Demy – morreu em outubro de 1990, há quase 20 anos, e ela segue fiel ao seu culto. Entre uma iniciativa e outra para preservar o legado de ‘Jacquot’, filma. Seu novo longa, Visages Villages, estreia nesta quinta, 25. Literalmente, Rostos Cidades, é uma obra compartilhada, que Agnès fez com JR. O encontro do cinema com a fotografia, para propor algo novo e fascinante.

Visages Villages teve o que se chama de ‘standing ovation’ em Cannes. O filme e os diretores – a diretora – foram aplaudidos de pé, durante dez minutos. O filme agora está no Oscar. Na coletiva de Cannes, Agnès explicou que o começo de tudo foi sua filha, Rosalie, que reuniu mamãe e JR para um café. Os dois se conheceram, identificaram e, de cara, saiu a ideia do road movie. Uma viagem pela França profunda, um trailer transformado em cabine fotográfica para documentar as pessoas que iam encontrar nas estradas, nas ruas. Nada foi encenado. Essas personagens (anônimas) seriam fotografadas, as fotos ampliadas e transformadas em pôsteres gigantescos, numa espécie de intervenção pelos caminhos percorridos.

“Estabelecemos que, como sou boa de conversa, caberia a mim me aproximar das pessoas, ganhar sua confiança”, contou Agnès, e ela é realmente muito boa nisso. “O resto foi nosso interesse pelo humano, e essa capacidade única que JR tem de envolver as pessoas numa espécie de magia. Em 2010, ele fez um filme, Women are Heroes, Mulheres são Heroínas. Nosso conceito agora talvez tenha sido um pouco mais abrangente, pois fotografamos homens e mulheres, mas o compromisso com a humanidade foi preservado.” Homens e mulheres, todos e todas. Trabalhadores de fábricas, das docas, garçonetes, mulheres que perderam seus maridos. Todos esses rostos, em todas essas cidades.

Conversas simples, mas ricas. Sobre a dificuldade da vida cotidiana, a aposentadoria, os filhos. “O mais apaixonante desse processo é que ele não teve nada de oficial. Não procuramos personagens representativas do que quer que fosse. Era olhar no olho, ver que havia contato e… Click!” Agnès Varda sabe sobre o que fala porque ela própria começou pela fotografia e passou pela montagem, antes de chegar aos próprios filmes. E, sim, o ‘cano’ que JR e ela receberam de Jean-Luc Godard, que não lhes abriu a porta de casa, calou fundo em Varda. “Éramos tão amigos, quando jovens.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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