Martinho de Haro nasceu em 11 de novembro de 1907 na cidade mais fria do Brasil: São Joaquim – onde se formam cerca de 50 geadas por ano e onde a neve sempre faz sua aparição, cobrindo com seu manto branco os verdes campos de pinheirais da serra catarinense.

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Desde menino desenhava, até mesmo nos muros da cidadezinha, cenas das brigas entre os jagunços do contestado sulista e autoridades legais. Depois foi o jovem desenhista do jornal do grupo Escolar Vidal Ramos, em Lages. Em 1927 ganhou uma bolsa de estudos para a Escola Nacional de Belas Artes, onde logo se destacou como primeiro aluno. Ali ficou amigo de Henrique Cavalheiro, Rodolfo Chambelland e do grande mestre Eliseu Visconti, o maior impressionista brasileiro.

O Rio de Janeiro da época de Martinho de Haro fervia culturalmente. Portinari, Di Cavalcanti, Ismael Nery davam as tintas. Logo ele acompanhava Timóteo da Costa na decoração da Igreja de N.S. Pompéia e auxiliava Visconti no grande Foyer do Teatro Municipal do Rio, ganhando o cobiçado prêmio de viagem à Europa.

Ali travou contato com a obra de Picasso, Vlaminck e Cézanne. A eclosão da II Grande Guerra obrigou-o a voltar ao Brasil, onde realizou memorável obra em painéis, murais, paisagens, cenas campestres, marinhas e urbanas, conhecendo a fama ainda em vida. Basta dizer que numa de suas últimas exposições no Rio, àquela que fui assistir, todas as telas estavam vendidas horas antes de abertura oficial!

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Martinho de Haro representa o que há de grande na pintura catarinense! É o nosso maior modernista. Suas composições lembram os gênios do Grupo Santa Helena de São Paulo: os pintores proletários Rebolo, Volpi, Pennacchi Bonadei. Casas simples dos arrabaldes, bairros populares, cidades que o tempo não traz, mas que ficaram indelevelmente gravadas em seus quadros.

Vivo fosse, em breve Martinho de Haro completaria cem anos. Sessenta dos quais dedicou à pintura. Sempre utilizando cores simples e essenciais: o rosa, o azul, o terra, o verde claro. Teve uma vida discreta, mas hoje seus quadros são disputados nos grandes leilões. Sobre ele disse o poeta Walmir Ayala: ?O diálogo é pintura soberana, de justiça e esclarecimento. A ilha ganha sua luz. Sua verdadeira luz, por que a obra viva de Martinho de Haro encontra seu continente exato. É um bem público destinado a valorizar a vida comunitária?.

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Aliás, um de seus trabalhos mais importantes é o mural da Escola de Educação Básica de Lages, na Av. D. Pedro II. Infelizmente, mal conservado.