Em vez de reprises, enlatados americanos. A estratégia, seguida pela Globo e pelo SBT, tenta livrar o espectador de encarar o tradicional e insosso repeteco do Programa do Jô e Programa do Ratinho durante as férias de verão. Por isso, entre 12 de janeiro e 13 de fevereiro, a Globo exibe no horário do Jô o premiado 24 Horas, protagonizado por Kiefer Sutherland. Já o SBT aposta no incensado Smallville – As Aventuras do Superboy para substituir em pleno horário nobre as reprises de Ratinho. Os seriados funcionam como “tapa-buracos de primeira” para as emissoras abertas. “As séries conquistam um tipo de público fiel e ajudam as emissoras a conseguir anunciantes em períodos de entressafra, como o início do ano”, explica o publicitário Lula Viera.

Na verdade, a Globo não investia no gênero desde 2001, quando Angel chegou a dar 30 pontos nas noites de sexta. Desde então, a Globo se distanciou dos enlatados para apostar em produções nacionais. Segundo o diretor de programação da Globo, Roberto Buzzoni, o que levou a emissora a se interessar no 24 Horas foi a qualidade da série. “Também descobrimos que temos de incluir produtos novos na grade em todas as épocas do ano para agradar ao espectador”, afirma Buzzoni. A história de 24 Horas mostra um dia da vida do agente da CIA Jack Bauer e é contada em tempo real. Daí ser dividida em 24 episódios de uma hora cada. Um relógio aparece no vídeo mostrando o andamento da história. “Por isso, não pode haver cortes”, assegura Buzzoni.

Ao contrário da Globo, o SBT é a emissora que mais investe em seriados. Atualmente, exibe 14 dos 22 seriados que vão ao ar em emissoras abertas. Caso de Smallvil- le, na programação do SBT desde dezembro de 2002, e sempre com boa audiência, apesar da dança de horários ultimamente vinha batendo em audiência o tradicional Esporte Espetacular. Ao contrário do 24 Horas, que teve mais sucesso de crítica que de público, Smallville é uma das séries de maior audiência nos EUA. A produção da Warner, que mostra a adolescência do Super-Homem, também é uma das mais vistas da tevê por assinatura no Brasil. Agora o SBT vai testar os poderes do homem de aço em horário nobre. “É o tipo de produção que agrada aos espectadores e, por conseqüência, aos anunciantes”, explica Antônio Athayde, superintendente comercial da emissora.

A Record, segunda emissora que mais investe em enlatados no País, está visivelmente tentando criar o hábito em seus espectadores. Tanto que em vez de tirar do ar a série O Mundo Perdido para exibir o programa de verão Bahia 50 Graus, que vai ao ar às 21h30, resolveu transferir o seriado para o horário da tarde. Isso porque O Mundo Perdido vinha conquistando 4 pontos em horário nobre para a Record. A emissora deu destaque para a série após a novela mexicana Um Amor de Babá dar a vexatória média de 1 ponto de Ibope. Já a Rede TV! não teve a mesma insistência em relação aos seriados importados. A emissora deixou de apostar em séries em 2001 e atualmente prefere investir em outras atrações, como os jogos da liga profissional de basquete americana, NBA.

A Rede TV! tirou do ar Friends, por exemplo, porque a audiência não passava de dois pontos e o custo de US$ 6.500 por episódio era elevado para a emissora. Curiosamente, a mesma série foi a responsável pelo aumento de espectadores do canal por assinatura Warner, que passou a exibir Friends no Brasil em 2002. O seriado, aliás, é mais uma das cartas na manga do SBT, que exibe 16 das quase 30 horas semanais que as emissoras abertas dedicam às séries importadas. O SBT “ganhou” os direitos de exibição de Friends após renovar o contrato de US$ 100 milhões com os estúdios Warner para a exibição até 2009 de seus produtos, incluindo seriados e filmes. “Os seriados sempre tiveram e vão ter lugar cativo na tevê brasileira porque o espectador adora dramaturgia. E a qualidade das séries tem melhorado bastante”, avalia o crítico Rubens Ewald Filho.

Atração fatal

O seriado 24 Horas está na terceira temporada nos EUA e o canal Warner já exibiu no Brasil as duas primeiras. Nos capítulos da primeira temporada, Bauer abre a trama com mesma a frase: “Terroristas planejam assassinar um candidato à presidência dos EUA. Minha filha adolescente e minha mulher foram seqüestradas. E as pessoas com quem eu trabalho podem estar envolvidas nos dois casos. Eu sou o agente Jack Bauer. Esse é o dia mais longo da minha vida”. Nos EUA, 24 Horas ganhou o apelido de DVD Crack, numa alusão à droga e aos poderes “viciantes” dos episódios lançados em DVD no país.

Os fãs no gênero, aliás, aguardam para 2004 a estréia no SBT das séries Tarzan, Two and a Half Men, Skin e Nip/Tuck, embora a emissora ainda não tenha definido as datas. Algumas séries inéditas na tevê aberta já podem ser vistas no Brasil no canal por assinatura Warner desde novembro de 2003. Tarzan, por exemplo, é uma versão moderna da série de 26 livros escritos por Edgar Rice Burroughs, mas transfere a aventura das selvas para o cenário urbano de Nova York. Two and a Half Men traz no papel principal o ator Charlie Sheen como um bem-sucedido criador de jingles que tem sua casa “invadida” pelo irmão Alan e o sobrinho Jack, de 10 anos. Já Skin é uma espécie de Romeu e Julieta moderno e Nip/Tuck, sobre cirurgiões plásticos.

Para os mais saudosistas, A Feiticeira, Jeannie É um Gênio, Casal 20, Will & Grace e Seinfeld são algumas das séries que podem ser vistas na Rede 21, do grupo Band.

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