A estreia de “O Rei Leão” nesta quinta à noite, no Teatro Renault, encerra mais uma fase da consolidação dos musicais no Brasil – e em São Paulo, em particular. O espetáculo dirigido e concebido por Julie Taymor traz uma riqueza de detalhes técnicos cuja realização não apenas justifica o alto investimento de produção (R$ 50 milhões) como comprova a qualificação dos profissionais brasileiros.
“É impressionante como tudo acontece perfeitamente sincronizado, sem problemas”, observou o ator Saulo Vasconcelos, que acompanhou, na terça-feira, uma apresentação para convidados. Ele faz parte da ‘primeira geração’ dos musicais brasileiros, um seleto grupo de intérpretes que ajudaram a formatar o gênero em São Paulo. Vasconcelos, que fez “A Bela e a Fera” (2002) e principalmente “O Fantasma da Ópera” (2005), primeiro megassucesso, estava na plateia formada ainda por outros pioneiros como Marcos Tumura, protagonista de “Les Misérables” (2001), o musical que fincou as fundações nacionais desse tipo de espetáculo; Daniel Boaventura (“A Bela e a Fera”, “Chicago”, “Evita”) e Jonathas Joba (“A Bela” e “Fantasma”).
“O Rei Leão” não representa apenas um marco no Brasil – estreou na Broadway em 1997 e, em cartaz até hoje, logo se tornou um estrondoso sucesso, faturando cerca de US$ 4,8 bilhões e batendo nas bilheterias um super peso-pesado, “O Fantasma da Ópera”, que está há muito mais tempo na estrada (estreou em 1986). O curioso é que, no início do projeto, temia-se por um grande fracasso. “Fiquei com medo de que a montagem fosse algo como os personagens da Disneylândia, vestidos com a cabeça do Mickey Mouse”, lembra Julie Taymor, que veio a São Paulo para acompanhar a estreia nacional.
O desastre foi evitado graças a medidas corajosas tomadas pela diretora. Quando foi convidada por Tom Schumacher (produtor e presidente da Disney Theatrical Productions, a produtora do espetáculo) para adaptar para o palco a animação, em 1996, Julie teve várias ideias que, na época, soavam arrojadas. A primeira e mais essencial era não esconder os atores que interpretariam os animais. “Não queria fazer um musical ao estilo Disney, em que o segredo da fantasia não pode ser revelado”, lembrou. “Meu desejo era que a plateia visse o ator manipulando o boneco e criasse sua própria fantasia.”
Assim, ela promoveu, no palco, a mistura de elementos de arte e artesanato africano para retratar personagens antropomórficos – ao lado do designer Michael Curry, Julie criou centenas de máscaras e fantoches, que se amoldam ao corpo de cada ator. E, além das canções criadas por Elton John e Tim Rice (traduzidas aqui por Gilberto Gil), o espetáculo possui diversas músicas no idioma zulu.
A história é fiel à trama da animação e conta a trajetória de Simba, pequeno leãozinho filho de Mufasa, que governa a floresta. O nascimento do jovem desperta a ira de Scar, irmão do rei, pois diminuem suas chances de herdar a coroa. Assim, bem ao estilo Hamlet, Scar mata Mufasa e acusa Simba de permitir a morte do pai. O rapaz é obrigado a fugir do reino e amadurece à distância, até chegar o momento de voltar e retomar o poder. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
O REI LEÃO
Teatro Renault (Av. Brig. Luís Antônio, 411). Tel. (011) 2846-6060. 4ª a 6ª, 21 h, sáb., 16 h e 21 h, dom., 15h30 e 20 h. R$ 50 / R$ 280.