Após o sucesso da temporada no ano passado, o Balé Teatro Guaíra apresentará o balé O Quebra Nozes, de 9 a 18 de dezembro, no Auditório Bento Munhoz da Rocha Netto (Guairão). A apresentação do dia 9 será para convidados. Neste dia será lançado também o livro comemorativo aos 35 anos do BTG feito pelo fotógrafo Sérgio Vieira. As apresentações para o público serão dias 10, 15, 16, 17 às 20h30 e dias 11e 18 às 18h. O ingresso terá preço de R$ 15,00 ou R$10 reais mais a doação de um livro literário infanto-juvenil.

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Esta será a mesma versão coreográfica apresentada em 2004, criada pela diretora do BTG, Carla Reinecke, com a participação da Orquestra Sinfônica do Paraná, sob a regência de Alessandro Sangiorgi, dos alunos da Escola Dança Teatro Guaíra e o coral Nova Philarmonia. Cenário e iluminação são de Carlos Kur e os figurinos e adereços de Paulinho Maia.

A primeira montagem do BTG para O Quebra Nozes, inspirado no conto de Hoffmann e com música de Tchaikovsky, foi em 1980 com a versão de Carlos Trincheiras, diretor da companhia na época tendo como convidados os bailarinos russos, Maximova e Vassiliev, como a Fada Açucarada e o Príncipe, respectivamente.

A coreografia original é de Lev Ivanov, assistente do coreógrafo Marius Petipa, e sua estréia foi em 17 de dezembro de 1892, no Teatro Maryinsky, em São Petersburgo, ainda hoje sede do Ballet Kirov.

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O Quebra-Nozes é um espetáculo em dois atos e três cenas. No primeiro ato acontece a festa de Natal e o início do sonho no Reino da Neve. O segundo ato se passa no Reino dos Doces.

Como nasceu esta obra

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Em 1816 E.T.A. Hoffmann publicou seu conto ?O Quebra-Nozes e O Rei dos Ratos?, que não era um conto infantil, mas sim um conto que falava das fraquezas humanas. Em 1891, o famoso coreógrafo e diretor do Balé Imperial Russo, Marius Petipa, encomendou ao compositor P. Y. Tchaikovsky a partitura musical para o balé. Petipa fez o libreto baseado numa revisão que Alexandre Dumas fez do conto de Hoffmann, esse sim direcionado para um público infantil.

A estréia foi em 17 de dezembro de 1892 no Teatro Mariinsky, (onde hoje fica o Balé Kirov), em São Petersburgo. O sucesso fez com que o espetáculo se mantivesse, ao longo dos anos, sendo reapresentado, até com diferentes versões, por diversas companhias, tornando-se um dos mais famosos do repertório tradicional do balé clássico.

Tchaikowsky utilizou na variação da Fada Açucarada a ?celesta?, um novo instrumento musical que havia surgido em Paris na época, e que foi ouvida pela primeira vez na Rússia nessa estréia.

1° ato

É véspera de Natal na mansão dos Stahlbaum. Eles estão recebendo parentes e amigos para sua festa de Natal. Seus filhos, Clara e Fritz, dançam e brincam na expectativa dos presentes e de ver a árvore iluminada. O padrinho de Clara, Drosselmeier, um excêntrico fabricante de brinquedos e relógios, chega acompanhado de seu sobrinho, e diverte e assusta as crianças com mágicas, brincadeiras. Drosselmeier presenteia Clara com um boneco Quebra-Nozes vestido de soldado, e Fritz com uma noz. Fritz fica com ciúmes de Clara e arranca o boneco de suas mãos, acabando por quebrá-lo. Drosselmeier então tranqüiliza Clara consertando o boneco.

Depois que os convidados foram embora, Clara, preocupada, foge de seu quarto para cuidar de seu Quebra-Nozes e acaba adormecendo com ele nos braços. Enquanto Clara, dorme ratos chegam para comer os restos da festa. Mas quando o relógio bate meia-noite, coisas estranhas começam a acontecer sob o comando de Drosselmeier.

Clara acorda, vê a árvore crescer e seu boneco criar vida. Logo em seguida, aparece o Rei dos Ratos com seus súditos que atacam Clara, que é valentemente defendida por seu Quebra-Nozes e um pelotão de soldados.

O Rei dos Ratos fere gravemente o boneco e, novamente, Drosselmeier vem em socorro de Clara, transformando o Quebra-Nozes em um príncipe que a convida para uma viagem por diversos reinos encantados.

O primeiro é o Reino das Neves onde flocos de neve dançam e sua Rainha os recebe alegremente. O 1° ato termina quando Clara e o Príncipe deixam o Reino das Neves.

2° ato

Clara e o Príncipe chegam no Reino dos Doces onde são recebidos pela Fada Açucarada e pela Rainha. Lá são entretidos por anjos, flores, e membros da côrte de diversos países e que representam uma variedade de guloseimas. O chocolate da Espanha, o café da Árabia, o chá da China entre outros. Também aparece ?La Mère Gigogne? (a Mãe Gigogne) e seus filhos polichinelos que moram num sapato e oferecem à Clara vários doces.

A Fada Açucarada dança com o Príncipe e no fim todos se despedem de Clara que, encantada com tudo que viu, viaja de volta. O 2° ato termina com Clara feliz abraçada com seu Quebra-Nozes, sem saber se tudo foi um sonho.
  
Curiosidade

A combinação de um utensílio prático e uma forma de aparência humana devia ser bem aceito lá pelos meados do século 18. No centro de fabricação de brinquedos de Sonneberg, na Floresta Turigiana, havia menção, em 1735, dos ?nussknacker? (mordedores de nozes) que operavam segundo os princípios da alavanca.

Esses quebra-nozes eram descritos como formas compactas e energéticas com grande cabeças. Dois braços, presos à parte posterior da cabeça, e que se moviam permitindo ao maxilar inferior empurrar a noz contra o maxilar superior, quebrando sua casca.

Em 1783, estudantes de Freisingen, Alemanha, apresentaram num desfile de carnaval grandes bonecos incluindo um quebra-nozes com a forma de um pequeno homem cuja boca e estômago era um só.

Na época que os ?Irmãos Grimm? (escritores de contos infantis) compilaram seu primeiro dicionário da ?Alta Alemanha? (o dicionário foi iniciado em 1830), o termo Nussknacker (Quebra-Nozes) foi definido como ?quase sempre na forma de um pequeno homem sem silhueta, em cuja boca a noz, por meio de uma alavanca de parafuso, é quebrada?.

35 anos do BTG

O livro sobre os 35 anos do Balé Teatro Guaíra demandou muito trabalho para a equipe que o produziu. Dos 15 mil negativos feitos por Sérgio Vieira, nestes mais de 20 anos acompanhando o BTG, foram escolhidas 117 fotos. "Foi uma escolha difícil porque o material é rico e a escolha minuciosa entrou por várias madrugadas e fins de semana", conta.

Com 196 páginas, o livro tem texto da jornalista Kátia Michelle Pires e produção da fotógrafa Liz Wood. Os textos estão em português, inglês e espanhol. O livro foi feito através da Lei Rouanet, com a participação da CSN – Companhia Siderúrgica Nacional -, Volvo do Brasil e apoio de O Boticário.

Segundo Sérgio Vieira, a idéia de publicar este livro foi para homenagear uma das mais importantes companhias de dança do país. "De alguma maneira o Balé Teatro Guaíra determinou a minha escolha por fotografar dança. As imagens que produzi são fruto de um extenso ensaio documental e são um convite para cada um dos que estão ou que passaram pelo Balé Teatro Guaíra."