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‘O Protetor 2’, sede de justiça a qualquer preço

Confiança é a palavra-chave para entender a parceria entre o diretor Antoine Fuqua e o ator Denzel Washington, que trabalham juntos pela quarta vez em O Protetor 2, que estreia no Brasil nesta quinta-feira, 23. “Ele é um ator incrível, e eu confio nele. Nunca aconteceu de ele chegar e não entregar. E Denzel sabe que pode confiar em mim. Respeitamos um ao outro. Nos divertimos. Ele me inspira. Espero ser inspirador para ele também. Eu fico empolgado quando estou trabalhando com ele. Quando vejo o resultado, sorrio”, disse Fuqua em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. O cineasta fez uma breve pausa e acrescentou: “E Denzel é um grande homem. Ele é um bom ser humano. De verdade”.

É um pouco como Fuqua vê Robert McCall, o personagem de Washington em O Protetor 2, um ex-marine e membro da DIA (Agência de Inteligência da Defesa) que agora está atuando como motorista do Lyft (um concorrente do Uber), mas que não hesita em arregaçar as mangas se vê alguém necessitando de ajuda. Como sua amiga Susan Plummer (Melissa Leo), que se torna vítima de uma conspiração, ou o adolescente Miles Whittaker (Ashton Sanders, de Moonlight – Sob a Luz do Luar), que mora em seu prédio. O diretor gosta de mostrar homens sob pressão. “Quando você é menino, cresce cheio de ideias do que significa ser homem, vindas da televisão ou do ambiente onde vive. E daí quando você se torna um homem, tem filhos, percebe melhor o que isso significa. Nem sempre quer dizer ser durão. Às vezes quer dizer ser mais compreensivo com os outros e também compreender seus próprios sentimentos. Aquela coisa de homem não chora. Onde cresci, se você quebrava o dedo engolia o choro.” Mas, no fim, mais do que falar de masculinidade, acha que gosta de discutir o que é ser humano. “Eu acho que, se você tem habilidade física para ajudar alguém, deveria. Ou inteligência, ou paciência para sentar e ouvir, você deveria.”

Não que ele recomende sair como Robert McCall por aí. “É divertido ver caras maus se dando mal. Mas certamente há coisas que acontecem no filme que ninguém deveria fazer por aí. É entretenimento.” McCall é um vigilante, um homem que faz justiça com as próprias mãos. Para Fuqua, é uma maneira de reparar as injustiças do mundo. “Todos vemos como são tratadas as minorias – não apenas em relação à cor da pele, mas em status financeiro, ou com pouco acesso ao poder ou a ajuda. Há uma necessidade e uma urgência de se apresentar e ajudar aqueles que não podem se ajudar. Eu, pessoalmente, sempre achei que estava do lado de fora, lutando para entrar. Lutando para subir. Vi injustiça minha vida toda. Vi coisas acontecerem com certas pessoas por causa da cor da sua pele ou do seu status na vida. E isso é errado, ponto.”

Fuqua cresceu na dura Pittsburgh, e, negro, sabe bem o que é ter de trabalhar o dobro ou o triplo para vencer em Hollywood. “Há progresso. Não o suficiente. E sempre podemos regredir. Mas parece que as pessoas estão empenhadas em dar oportunidade para diretores negros e mulheres. Só que a mudança leva tempo. Acho que o importante, e foi algo que eu sempre fiz, é focar no trabalho. Para que a cor não seja a primeira coisa em que pensem quando pensarem em Antoine Fuqua.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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