Completa-se o ciclo da Universo Produções, em Minas. Em janeiro, a empresa realiza, em Tiradentes, o festival que abriga a Mostra Aurora, a mais representativa das novas estéticas e tendências do cinema brasileiro. Em junho/julho, em Ouro Preto, a tendência é inversa e a cidade histórica mineira abriga um festival voltado aos arquivos de filmes. E agora, no quadro do Cine BH, a mostra internacional de Belo Horizonte, a Universo realiza, pelo segundo ano consecutivo, o Brasil Cine Mundi, que traz ao País representante dos grandes festivais e dos principais fundos de cinema do mundo.
Por melhores e mais importantes que sejam os filmes da Mostra Aurora, seu radicalismo tende a assustar o mercado. Uma janela importante tem sido a distribuidora Vitrine, de Sílvia Cruz. O objetivo dos debates do Brasil Cine Mundi, segundo a coordenadora Raquel Hallak, da Universo, é justamente propiciar o intercâmbio para viabilizar esse cinema de autor no mercado do País e do exterior. A novidade deste ano é que o Cine BH realiza também uma mostra de filmes de meio ambiente. E onde melhor realizá-la do que no Instituto de Arte Contemporânea e Jardim Botânico de Inhotim?
Durante quase uma semana, até dia 4, o 5.º Cine BH deve exibir cerca de 100 filmes, entre curtas e longas, nacionais e estrangeiros. Toda essa programação ainda é enriquecida por debates e encontros que se realizam em diferentes locais da capital mineira, desde o Palácio das Artes até o Cine Santa Teresa, que todo ano é recuperado para abrigar uma das seções de lançamentos da mostra. E tudo tem por objetivo a contextualização do ‘mercado’. Embora os puristas rejeitem a ideia, o cinema de autor, de arte, ocupa um nicho desse mercado e, como tal, precisa ser estimulado.
Uma referência desse cinema independente de qualidade tem sido a produtora (mineira) Vânia Catani, da Bananeira Filmes. Vânia será a homenageada deste ano e a Mostra Cine BH inaugura-se justamente com seu novo filme, “O Palhaço”, de Selton Mello. Outro homenageado será o roteirista italiano Tonino Guerra, colaborador de grandes diretores, como Michelangelo Antonioni. Tonino Guerra ganha retrospectiva que começa com “Viagem Através do Tempo, Tempo di Viaggio”, que ele também realizou, em parceria com Andrei Tarkovski.
Cine Escola, mostra Cine Mundi, mostra Contemporânea. A programação desdobra-se com o estudo de cases – foram selecionados seis projetos para avaliação de especialistas – e também pré-estreias de importantes filmes brasileiros, como “Meu País”, de André Ristum, premiado em Paulínia, e “A Última Estrada da Praia”, de Fabiano de Souza. O longa do crítico e cineasta gaúcho integrou uma das seções paralelas de Gramado, em 2010. Dialoga com o já mítico “Estrada para Ythaca”, dos irmãos Pretti e primos Parente, premiado em Tiradentes, no ano passado. O próximo filme do quarteto, “O Último Trago”, será um dos cases em estudo. Essa interligação, de mostras e filmes, faz a sedução dos eventos de Tiradentes, Ouro Preto e, agora, BH. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.